Reunida na segunda-feira à noite, a Assembleia dos Representantes da Ordem dos Médicos manifestou profunda preocupação com a atual conjuntura do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e com as dificuldades sentidas de norte a sul do país. Na reunião, que juntou cerca de uma centena de médicos, foi manifestado total apoio à posição defendida pelo Bastonário e pelo Conselho Nacional da Ordem dos Médicos em relação às medidas para defender o SNS e melhorar as condições da prática clínica. “É necessária uma ação urgente e consequente do Governo para fazer face às dificuldades que afetam o SNS, e que irão agravar-se rapidamente se nada for feito. Não serão suficientes medidas pontuais. É preciso repensar o SNS, na planificação dos seus recursos, no seu modelo de organização”, alertou o Bastonário Carlos Cortes. “A defesa de cuidados médicos de qualidade é um dever estatutário e deontológico da Ordem dos Médicos”, frisou o dirigente da Ordem dos Médicos, instituição que “está empenhada em promover o diálogo e na defesa de todas as medidas de elementar justiça, de respeito e que dignifiquem o trabalho dos médicos. Hoje, os cuidados de saúde e a segurança dos doentes estão dependentes da intervenção do Governo para a melhoria do SNS. Esta situação, se nada for feito, tornar-se-á insustentável já no mês de novembro, comprometendo gravemente a capacidade de resposta de todo o SNS”. Essa certeza, Carlos Cortes validou-a na visita ao Hospital das Caldas da Rainha, onde reuniu com várias dezenas de médicos, exaustos mas que continuam a dar o seu melhor pelos doentes. O Bastonário já apelou em várias instâncias para que a reforma do SNS comece pela dotação dos serviços de saúde de quadros de recursos humanos adequados às necessidades crescentes da população. Também o Presidente da República, em declarações à imprensa, tem apelado a que se estabeleça “algum diálogo entre o ministério da Saúde e os sindicatos, de um lado, e o Ministério da Saúde e a Ordem [dos Médicos], do outro”. Numa semana em que a própria Ordem intensificou contactos, o Chefe de Estado deixou uma nota de esperança: “Vamos ver se no fim desta semana de reuniões, contactos, para a semana há mais razões para falar em diálogo”. No seio das estruturas representativas dos médicos, o diálogo continua já na segunda-feira, com a reunião do Fórum Médico que vai ter lugar na sede da OM no Porto.