Valorizar os médicos, o seu exemplo, a sua dedicação e a sua entrega foi o mote da cerimónia que assinalou o Dia do Médico em Coimbra, na qual se prestou homenagem aos médicos com 50 e 25 anos de inscrição na Ordem dos Médicos (sub-região de Coimbra).
Catarina Dourado, aluna do 4º ano do mestrado integrado de medicina na FMUC e presidente do Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra interveio no encontro, frisando os desafios da atualidade, a dedicação dos médicos e o quanto os estudantes agradecem o “sentido de responsabilidade, entrega à profissão, à sociedade e aos doentes, pelo zelo com que abraçam e cumprem as premissas que constam no Juramento de Hipócrates”. “Atualmente, a profissão médica enfrenta muitos desafios, passando por uma valorização da profissão que não é a adequada, e que tão importante se revela. Bem sabemos que a Medicina é uma área de pessoas para pessoas, que centra a sua atenção no outro. Hoje celebramos também o contributo de todos vós em prol dos doentes, a ambição de melhorar a saúde de todos os cidadãos, de promover a saúde e não apenas o tratamento da doença”. “Os últimos meses no combate à pandemia, foram uma altura particularmente recheada de desafios para a área da Saúde e para os seus profissionais, que em qualquer momento já dão todo o seu contributo e dedicação diários, mas que nos últimos tempos os viram demonstrados e realçados publicamente para toda a sociedade, esperemos que mudando algumas mentalidades e preconceitos associados à classe médica”, referiu a estudante de medicina, manifestando alguma apreensão quanto ao futuro: “é imprescindível um reforço e investimento no Serviço Nacional de Saúde, no qual importa ambicionar por um SNS que valorize a profissão médica, um acesso igual à Saúde por todos os portugueses, e no qual seja realizado um efetivo planeamento dos recursos humanos no setor da Saúde a longo prazo. Preocupa-nos o estado em que vamos encontrar o nosso SNS e as que serão as nossas condições de trabalho, as que já são as vossas diariamente”. “Sabemos que muito temos a aprender convosco e com a vossa experiência, olho para todos vós nesta sala enquanto um exemplo a seguir. Num momento em que ainda estamos rodeados no meio dos livros, são uma inspiração para nos relembrarem da existência do outro, do verdadeiro propósito da medicina, de ajudar os doentes, de nos dedicarmos ao real compromisso e nunca desistirmos ou baixarmos os braços. Principalmente, herdamos de vós o dever de honrar a Medicina, hoje e sempre”, concluiu.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães marcou igualmente presença na Antiga Igreja do Convento de São Francisco, onde começou por proferir palavras de enaltecimento do trabalho de Carlos Cortes, presidente do Conselho Regional do Centro da OM e de Catarina Matias, membro do CRCOM, médica que apresentou esta cerimónia, pelo “trabalho quase invisível” mas muito importante para o sucesso da instituição, aproveitando para estabelecer um paralelismo e enaltecer o trabalho invisível de muitos médicos no combate à COVID-19. Dirigindo palavras de apreço aos colegas homenageados neste dia, com 50 e 25 anos de inscrição, neles, Miguel Guimarães, estendeu a todos os médicos que ao longo de décadas ajudaram a construir “uma saúde para todos os portugueses”, sonho que começou há muitos anos, e que foi partilhado e construído por muitos médicos, lembrou.
“São vocês os médicos que fazem 25 e 50 anos de inscrição na Ordem dos Médicos que hoje representam todos os médicos”, referiu, agradecendo o trabalho que fizeram e enaltecendo como em fase pandemia “os médicos tiveram um papel absolutamente notável, em liderança nos hospitais, nos centros de saúde, na medicina do trabalho, na saúde pública, nos laboratórios…” “É bom que tenhamos a noção que ainda vamos ter muito mais que fazer… Mas o que fizemos merece o respeito de quem tem responsabilidades políticas. Merece o respeito dos cidadãos. Merece o respeito dos dirigentes da OM. Merece o respeito de toda a sociedade civil. Vocês são motivo de orgulho para quem tem o privilégio e a honra de liderar médicos neste momento. Muito obrigado a todos por nos ajudarem a enfrentar um dos maiores desafios que tivemos”, enalteceu.
Recordando palavras de José Tolentino de Mendonça, o bastonário da Ordem dos Médicos lembrou que ser médico é “estar sempre presente”, não deixar doentes para trás, “tratar todos por igual”, fazendo valer o «sentido humanista e solidário, “cuidando e confortando os nossos doentes”.
Carlos Cortes, presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, falou na sua intervenção do SNS, da sua evolução, das carreiras médicas, abordando o Serviço Médico à periferia e enaltecendo o empenho, entrega e profissionalismo de tantos colegas ao longo desses anos. Carlos Cortes referiu partilhar do sentimento manifestado por Miguel Guimarães de orgulho por poder representar os médicos, referindo que, não raras vezes, nesta fase de pandemia se emocionou ao ouvir os colegas, tocado pela sua entrega e humanismo. Numa cerimónia onde encontramos duas gerações: “aqueles que foram os meus mestres”, “colegas que se inscreveram na OM há 50 anos e que carregam a enorme responsabilidade de terem imaginado, idealizado e concretizado o Serviço nacional de Saúde” e os colegas com 25 anos de inscrição, que souberam trazer até aos nossos dias este serviço de saúde, com o seu esforço. “É com o mesmo respeito que vos encaro a todos”, frisou, concluindo dirigindo em nome da OM um abraço e um sentido agradecimento a todos.
A cerimónia de homenagem deste ano foi diferente do habitual garantindo a segurança e bem-estar, assinalando o distanciamento recomendado, com cumprimento das normas de proteção face à pandemia de COVID-19, com circuitos distintos de entrada e saída dos participantes, com a entrega a cada médico da caixa personalizada com a sua medalha. A cerimónia foi apresentada pela médica Catarina Matias.