O livro Angeli Medici, da autoria de Carlos Mota Cardoso, médico especialista em Psiquiatria, teve a sua apresentação nos dias 3 e 7 de março, no Porto e em Lisboa, respetivamente. O livro contou com o apoio da Ordem dos Médicos.
Segundo Carlos Mota Cardoso, o livro pretende “mostrar ao público a tragédia da pandemia vista pelo lado de quem a enfrenta”, mas a obra “não deixa, em todo o caso, de ser uma obra ficcionada”. O psiquiatra escreve ainda no texto de apresentação do livro que “nesta como noutras narrativas, o ficcionado cumprirá tanto mais os três requisitos acima enunciados, quanto mais próximo estiver dos tristes acontecimentos ocorridos em Portugal e no mundo desde o início de 2020 até ao diluir da pandemia no mar da normalidade epidemiológica”. Mas, “se a obra parece ser demasiado edificante para os médicos portugueses, ao autor não parece”, adverte.
O lançamento da obra no Porto contou com a presença de convidados ilustres, entre eles o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, Eurico Castro Alves.
A apresentação do livro ficou ao encargo de Walter Osswald, professor catedrático da Faculdade de Medicina do Porto, que destacou a “dificuldade em classificar a obra em um determinado género literário”. Também Isabel Ponce Leão, professora catedrática da Universidade Fernando Pessoa, tomou a palavra na apresentação do livro, salientado que a obra “afasta a chamada literatura pandémica nutrida por motivos integralmente ficcionais”, defendendo que “aqui se balanceiam a ficção e o rigor científico, assumindo o hibridismo”. Já Cândido de Agra, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, o último a apresentar o livro, não fala de “mais um discurso sobre a pandemia, mas sim a própria pandemia relatada por um intérprete da linguagem sofrimento”.
Coube ao ministro da Saúde encerrar a sessão. Manuel Pizarro proferiu vários elogios a Carlos Mota Cardoso e à sua obra, Angeli Medici, considerando-a “imperdível”. O ministro exaltou, ainda, a coragem e resiliência de todos os médicos durante a pandemia, destacando o papel crucial da Ordem dos Médicos no combate à Covid-19.
Manuel Pizarro proferiu largos elogios a Miguel Guimarães, enaltecendo a sua “coragem e determinação” não só durante a pandemia, mas ao logo de todo o seu mandato.
A apresentação da obra, em Lisboa, teve lugar na Biblioteca Histórica na sede da Ordem dos Médicos em Lisboa.
O presidente do Conselho Regional do Sul, Paulo Simões, destacou a atividade literária a que muitos médicos se dedicam e a importância de escrever sobre o período da pandemia e o empenho dos médicos nesse período.
A apresentação do livro, Angeli Medici, ficou a cargo de Filipe Froes, coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos (2020-22), e de Annabela Rita, rofessora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Filipe Froes destacou o papel da ciência e da evidência exprimidos no livro, que representam a base da sua atuação no Gabinete de Crise. Para o pneumologista, este livro representa um legado na representação da capacidade de liderança dos médicos. Annabela Rita apresentou a obra com o recurso à leitura de excertos, durante o decorrer do evento.Miguel Guimarães encerrou a apresentação do livro em Lisboa, refletindo sobre a importância da obra para o futuro. Para o bastonário, nunca saberemos quantos médicos terão sofrido o horror da pandemia e morrido no cumprimento do seu dever, “mas saberemos que todos eles viverão para sempre nestas páginas e na nossa memória”. Miguel Guimarães recordou a vacinação coordenada pela Ordem dos Médicos, a todos os profissionais que estavam a ficar para trás por não fazerem parte do Serviço Nacional de Saúde.
“Senti-me abraçada pela Ordem dos Médicos”, o bastonário recordou com emoção as palavras de uma colega abrangida por este processo, manifestando que seja este o sentimento eterno de todos os médicos em relação à Ordem.
Em ambas as apresentações todos os presentes manifestaram a sua gratidão para com Miguel Guimarães, afirmando ter-se tratado da “pessoa certa, no lugar certo, na altura certa”.
Carlos Mota Cardoso, autor de Angeli Medici e de muitas outras obras, é psiquiatra, doutor em psicologia e professor catedrático convidado na Universidade do Porto. Foi diretor do Hospital Conde de Ferreira (1984 a 1996) e presidente do programa “Porto, Cidade de Ciência” (2004 a 2011). Em 2017 foi nomeado académico correspondente estrangeiro pela Real Academia Nacional de Medicina de Espanha.