A ideia nasceu há alguns anos, porém só em 2022 tomou a forma de Fórum Nacional de Medicina com a organização tripartida da Associação Nacional de Estudantes de Medicina, da Ordem dos Médicos (OM) e do Conselho das Escolas Médicas Portugueses (CEMP). A iniciativa vai realizar-se no dia 6 de maio, nas instalações da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, no Porto.
Em entrevista à OM, o presidente da ANEM, Francisco Pêgo, esclarece que o evento foi idealizado, desde o início, para ser realizado com colaboração de parceiros relevantes e no formato presencial uma vez que ao estarmos a entrar num cenário pós-pandémico “a saúde é um tema cada vez mais valorizado sobre o qual temos de pôr várias decisões em cima da mesa.”
Francisco Pêgo esclarece que o objetivo do Fórum Nacional da Medicina é tornar-se num evento anual, onde se pretende analisar “o percurso contínuo que existe ao longo de toda a formação médica, bem a forma como os investimentos devem ser feitos a montante, a meio e a jusante da formação médica, ou seja, desde o acesso ao ensino superior até à prestação de cuidados de saúde à população. Todas as conclusões que nós pretendemos tirar vão ser sempre deste intervalo. Sendo que o objetivo final será sempre perceber quais serão as melhores práticas, olhando para a formação médica, e o que podemos fazer para a melhorar saúde dos portugueses.”
De entre os aspetos a serem analisados no primeiro Fórum Nacional da Medicina, o presidente da ANEM destaca a gestão de recursos humanos. “Apesar de todos os avanços tecnológicos que estamos a fazer na área da medicina, a verdade é que os recursos humanos nunca serão uma prioridade descartável e, se calhar, até será uma área ainda mais importante à medida em que vamos precisando de integrar os médicos com as novas tecnologias que vão existindo.” Apostando muito na análise da formação, defende ainda que é prioritário “perspetivar a medicina do futuro, sendo que isso implica perspetivar como é que, atualmente, o estudante de medicina está a ser formado, quais é que são as condições e formações éticas que lhe são dadas”.
Além de relembrar a importância da discussão que se vai realizar no dia 6 de maio, Francisco Pêgo acredita que deve ser dado um foco alargado ao formato do evento – presencial e com público. “A OM, a CEMP e a ANEM têm uma função de advocacia, de luta, por exemplo, sobre trabalho em prol das escolas médicas, em prol dos estudantes de medicina, em prol da formação médica. Contudo, na maioria das vezes, esse trabalho é executado à porta fechada, nunca deixa de ser uma reunião entre as pessoas que estão a advogar por uma causa e decisores. E esse ambiente é insuficiente”. Para que as posições da ANEM, OM e CEMP sejam ouvidas e possam criar “motivação política e consciência por parte dos eleitores e de todas as pessoas que acabam por ter impacto da vida pública. É necessário que haja uma maior consciencialização de todos os temas relevantes para a melhoria da saúde em Portugal, ou seja, é preciso garantir que além destas entidades de saúde, temos outras entidades a ouvir as posições das organizações e a intervir no debate. É voltar a discutir aquilo que nós entidades já temos vindo a discutir há muito anos, só que agora num formato público.”
A ANEM representa, atualmente, cerca de 12 mil estudantes de medicina e tem orgulho em afirmar que “as posições da ANEM são as posições de 12 mil alunos, o que não falta são sugestões por parte dos estudantes sobre aquilo que há a melhorar.” Francisco Pêgo destaca ainda o papel preponderante da OM na formação médica em Portugal, reiterando que “sendo a formação médica um processo relativamente moroso, exige sempre a existência de uma dinâmica de conversação e colaboração. Existem exemplos de colaborações que geram muitos benefícios, como por exemplo, o contacto dos estudantes de medicina com as carreiras médicas, através dos nossos estágios que acontecem durante o verão. Existe um ganho da parte da OM por dar a conhecer um bocadinho mais as especialidades e proporcionar uma melhor experiência aos estudantes e existe um ganho por partes dos estudantes, exatamente pelas mesmas razões.”
O programa do 1º Fórum Nacional de Medicina por ser consultado aqui