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É importante refletir sobre o que as pessoas estão a sentir

A apresentação do STADA Health Report 2024 contou com a presença de Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos na mesa “Que Sistema de Saúde para Portugal” onde participaram Hélder Mota Filipe, Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Luís Barreira, Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Xavier Barreto, Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH). Os comentários ficaram a cargo de Maria do Carmo Neves da APOGEN.

O estudo analisa a perceção das populações de 23 países da Europa sobre os respetivos sistemas de saúde, incluindo a área da saúde mental e do uso da inteligência artificial (IA) no contexto dos cuidados prestados. A insatisfação com o sistema público de Saúde aumentou pelo terceiro ano consecutivo, sendo essencialmente motivada pela dificuldade no acesso e pelos receios quanto à qualidade dos cuidados ou desconfiança quanto ao setor público.

Tendo participado na sessão de apresentação do estudo, Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos, salientou a dimensão das dificuldades de acesso mas também que, provavelmente, a insatisfação da população acompanha o estado geral da sociedade com maior insegurança a vários níveis, da guerra que está a acontecer na Europa a uma pandemia como já não se via desde o início do século passado, ou a própria crise financeira.
“Mas esses fatores exógenos não podem fazer-nos esquecer a importância de perceber o que sentem os nossos doentes. Temos que refletir sobre este sentimento generalizado de insatisfação e insegurança em relação ao SNS, procurar perceber e agir sobre os fatores que o causam”, refletiu o representante dos médicos a propósito deste tema, mencionando o fecho das urgências obstétricas como algo que não acontecia no passado. De salientar que, tal como mencionado por Vera Lúcia Arreigoso, jornalista que moderou o debate, a recolha de dados aconteceu ainda durante o governo anterior.
Numa outra mesa que teve a participação de António Vaz Carneiro, do ISBE, foram analisados os resultados sobre a confiança na Inteligência Artificial (IA) onde, por exemplo, que 61% dos portugueses confiam no seu impacto positivo, mas manifestam muitas preocupações: 72% dos inquiridos receiam os riscos de má prática na utilização das novas tecnologias. Ainda assim, metade da amostra considera que em 10 anos o diagnóstico será assegurado com recurso à IA. Quanto o tema é a satisfação com o Sistema Nacional de Saúde (SNS), é o terceiro ano consecutivo que os resultados pioram e só 49% dos inquiridos se afirmam satisfeitos revelando uma diminuição significativa nos últimos anos. O STADA Health Report 2024 oferece uma análise detalhada sobre a perceção da saúde na Europa.