São a nova geração de médicos que nos irá tratar no futuro. É nas suas mãos que iremos depositar as nossas angústias e ansiedades, quando a doença nos bater à porta. Sejamos médicos ou de qualquer outra profissão, mais cedo ou mais tarde, todos precisaremos desse apoio. É reconfortante saber que Portugal forma excelentes médicos quer nas faculdades de medicina quer, no momento que se avizinha, na formação pós-graduada. A pouco e pouco, os mais de dois mil recém-licenciados têm acorrido às instalações da Ordem nas últimas semanas para, orgulhosamente, formalizarem a sua inscrição, iniciando esta nova etapa. Mas, como tem sido frisado em diversos momentos, “há que criar condições de trabalho adequadas, assim como de formação e de projetos de investigação para se poder desenvolver o SNS”, diz-nos o Bastonário Carlos Cortes. Se o Ministério da Saúde não for consequente e não melhorar a organização para atrair mais médicos, veremos esses jovens escolherem outras saídas profissionais. A Ordem dos Médicos já apresentou muitas propostas para tornar o SNS mais atrativo e espera que sejam implementadas a tempo de vermos os novos colegas “ingressarem nos hospitais e centros de saúde de todo o país”. À imprensa, Carlos Cortes não hesitou em qualificar a estrutura do SNS como excessivamente “pesada e avessa às mudanças”, o que o torna nada competitivo em relação ao setor privado, “que oferece um conjunto de condições aos médicos (…) como horário de trabalho mais flexível, que permite compatibilizar melhor a vida pessoal com a vida profissional, o desenvolvimento de projetos assistenciais, projetos formativos, de investigação, e isso é algo muito importante e que atrai os médicos”. “Estamos no mês de agosto e muitos médicos ainda não foram contratados para os hospitais e para os centros de saúde. Este ano as coisas correram muito mal, o Governo iniciou funções muito tarde, do ponto de vista da cronologia do internato médico, da especialização dos médicos, e aqueles que acabaram a sua especialidade em abril, muitos deles ainda não estão contratados pelas Unidades Locais de saúde (ULS) que precisam deles. Aquilo que pedimos à ministra é uma medida muito simples: disponibilize aos médicos as vagas que vão abrir antes mesmo deles acabarem a sua especialidade, até para poderem começar a desenhar o seu projeto de vida, profissional, sabendo onde vai abrir uma vaga”, apelou o representante máximo dos médicos. sem essa visão estratégica, não conseguiremos começar a desenhar o futuro.