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Carlos António Pessanha de Mendonça Leça da Veiga(1931-2024)

    Homenagem

    A Ordem dos Médicos lamenta a morte do colega Carlos Leça da Veiga, transmitindo a todos os familiares e amigos a sua solidariedade. Transcrevemos em seguida um texto de homenagem escrito e gentilmente cedido pelo colega Raul Amaral Marques:

    CARLOS ANTÓNIO PESSANHA DE MENDONÇA LEÇA DA VEIGA adormeceu ontem, tranquilamente, e não voltou a acordar!

    O Carlos Leça da Veiga teve a bondade de ser meu Amigo!

    Conheci-o em Santa Maria, no Serviço de Infecto-Contagiosas, liderado, então, pelo Professor Carvalho Araújo!
    Na altura era eu um jovem estudante de Medicina.
    O Leça, o Valentim de Carvalho, o Germano do Carmo, a Albertina, a Joana Quaresma, o José Luís Boaventura, a Regina Mendes, a Leonor Gomes Ferreira, o Olavo Lobo… Era uma equipa fantástica! Ficámos todos amigos, para a vida!

    O Carlos foi um Homem de uma integridade absoluta. Nasceu em Lisboa, em 8/7/1931, tinha 93 anos, dedicou a sua vida à infecciologia e, em particular, ao problema das infecções hospitalares, e fez toda a sua carreira médica no Hospital de Santa Maria de Lisboa, em regime de dedicação exclusiva.

    Teve uma intensa atividade cívica antes de acabar o curso: Leça da Veiga marcou a vida na cidade de Coimbra onde foi ativista do MUD Juvenil, foi eleito para o Conselho Cultural desse organismo estudantil, foi ainda membro da direção do Cine Club de Coimbra e pertenceu à direção da delegação em Coimbra do Círculo de Cultura Musica.

    Na luta pelos seus princípios de justiça e de democracia, Leça da Veiga é preso em 1955 às ordens da PIDE, ano em que foi incorporado no Exército e mobilizado para o, então, Estado Português da India.

    Em 1969 e em 1970, teve a iniciativa de, em Lisboa, propor as greves realizadas pelos médicos internos.

    Em 1970, Leça da Veiga foi eleito para os corpos sociais da Ordem dos Médicos dos quais, em 1973, foi demitido pelo Governo marcelista e enviado para interrogatório na Prisão de Caxias.

    Em 1974 fez a proposta da Integração das Carreiras Médicas Assistencial, Docente e de Investigação (Decreto-Lei 674/75). Em 1975 foi um dos autores do “Relatório do Grupo de Trabalho para o Estudo da Carreira Médica”, uma iniciativa do Dr. Céu Coutinho, então, Diretor-Geral dos Hospitais.

    Publicou os Livros: OUTRO CAMINHO – Outra Constituição, Outra Democracia. A Terceira República e UMA CONSTITUIÇÃO PARA UMA TERCEIRA REPÚBLICA.

    Nestes últimos anos de vida o Carlos veio-me procurar, algumas vezes, por causa de um problema pulmonar, sem importância, mas que o incomodava por não estar totalmente esclarecido o diagnóstico. Eram momentos de boas conversas, de troca de ideias, de bons recordares, de boas lembranças…

    Sempre bem vestido, como um “Lord inglês”, a pêra e o bigode em uníssono, quase sempre de casaco e gravata!

    Repousa bem no sono de que não quiseste acordar!

    Os teus Amigos agradecem ao Homem íntegro e exemplar que sempre foste, choram de saudades tuas, mas sorriem com as boas lembranças com que sempre nos brindaste!

    Raul Amaral Marques

    Nota: as imagens usadas nesta homenagem fazem parte do arquivo da Revista da Ordem dos Médicos e foram recolhidas numa bonita homenagem organizada pelo colega José Poças durante as V Jornadas Regionais Temáticas de Infecciologia no dia 25 de março de 2023.

    Datas

    Nome completo: Carlos António Pessanha de Mendonça Leça da Veiga
    Cédula :  11902
    Data de nascimento: 08/07/1931
    Data de formatura: 31/12/1969
    Faculdade: UNIVERSIDADE DE LISBOA
    Data de inscrição na OM: 09/01/1970
    Data de falecimento: 12/08/2024

    Nota: a OM assegura aos herdeiros os direitos de acesso, retificação e apagamento destes dados pessoais.

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