O modelo de ULS foi criado para ser um sistema de integração vertical que conecte os vários níveis de cuidados, do hospital aos cuidados de saúde primários, sem esquecer a Saúde Pública e os Cuidados Continuados. Na prática, os profissionais não têm sentido que seja isso que acontece. Num debate promovido pela Ordem dos Médicos, no dia 15 de maio de 2024, questionou-se se estaremos em face de um modelo de desintegração, concentrado no hospital e que desvaloriza os outros níveis de cuidados ou se poderemos esperar uma verdadeira integração. O Bastonário explicou que esta matéria tem preocupado muito a Ordem pois foi excluída da reforma, nunca tendo sido pedido o contributo da instituição. Garantindo que a OM está “atenta”, razão pela qual em janeiro criou uma comissão para acompanhamento das ULS da qual fazem parte alguns dos oradores deste webinar, Carlos Cortes frisou a importância da diversidade de contributos: “Temos médicos que representam as ULS do país: especialistas em cuidados continuados, em MGF, em Saúde Pública e da área hospitalar para ter aqui uma representação de um aspecto que valorizamos muito: a integração dos vários níveis de cuidados”. O Bastonário explicou que a OM vai apresentar ao Ministério da Saúde um “documento sobre a visão da OM para o desenvolvimento desta reforma” que espera que seja uma oportunidade de melhorar os aspetos negativos que se identificam no processo de desenvolvimento das ULS.
Algumas áreas foram completamente esquecidas no meio desta reforma, como é o caso da Saúde Pública. “Não houve nada que orientasse as ULS sobre o que fazer quanto à Saúde Pública… Fico preocupado ao sentir que a SP não foi valorizada. (…) Mas vimos aqui uma oportunidade de fazer uma renovação da organização: a Ordem e o Colégio juntaram-se com a Associação Nacional de Saúde Pública e emitiram uma proposta de organização que foi distribuída a todas as ULSs (…) e bem recebida”, explicou Luís Cadinha, Presidente do Colégio da Especialidade de Saúde Pública durante o webinar. Hugo Capote defendeu que “não é a forma organizacional dos diferentes cuidados de saúde que vai obrigar ou forçar a melhor interligação entre os diferentes níveis de cuidados. (…) Não foi por criar uma ULS que o conhecimento apareceu…”
Este webinar promovido teve a intervenção de Maria da Luz Loureiro, médica de Medicina Geral e Familiar, de Hugo Capote, especialista em Cirurgia Geral, dois médicos especialistas que integram o grupo de acompanhamento das ULS; do presidente do Colégio de Saúde Pública, Luís Cadinha, e do presidente de Conselho Nacional dos Cuidados Continuados da OM, José Manuel Gonçalves da Silva. A moderação ficou a cargo de de Sofia Couto da Rocha.
Independentemente das críticas que existem, e que podem ser ouvidas AQUI os vários intervenientes valorizam a integração e defendem que as pessoas, neste caso os médicos, são o principal motor do sucesso de qualquer mudança, sendo portanto essencial ouvi-los.