Em declarações à Lusa, Miguel Guimarães reiterou, no dia 30 de julho, que era necessário rever a matriz de monitorização da situação epidemiológica, mas vincou que colocar o foco na população vacinada está sujeita a outras variáveis mais imprevisíveis, como a eficácia das vacinas ao longo do tempo ou eventuais novas variantes do vírus SARS-CoV-2.
É, portanto, um erro, na opinião do bastonário, a decisão do Governo de deixar de associar a evolução na matriz de risco de monitorização da COVID-19 às medidas a tomar para o combate à pandemia.
“Não ter um indicador associado, que permita ter uma monitorização, é um erro, porque devemos ser muito objetivos e claros naquilo que comunicamos com a população. Só assim é que conseguimos que as pessoas adiram às medidas que vão sendo tomadas, ao processo de vacinação e às medidas básicas de prevenção individual e coletiva. Era fundamental ter um indicador aqui e não apenas um gráfico a dizer a taxa de população vacinada”, explicou.
O representante dos médicos lamentou ainda que não tenha sido adotada uma matriz “multi-critério”, como aquela que apresentou há cerca de duas semanas em parceria com o Instituto Superior Técnico: “No fundo, o governo prescinde da matriz de risco que tinha”.
A “pandemia não desapareceu”, alertou, e a situação continua a implicar “uma vigilância permanente da situação”, mas defendeu que o alívio de restrições já poderia ter começado há cerca de duas semanas.
Paralelamente, Miguel Guimarães chamou a atenção para o facto do Governo ter seguido um caminho “diferente da própria sugestão que foi feita no Infarmed” pela investigadora Raquel Duarte, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, apesar de ter considerado a revisão apresentada uma “‘cirurgia plástica’ da matriz anterior”.