Autora: Sara M. Silva, médica interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar na USF Terras Santa Maria (ACeS Entre Douro e Vouga I – Feira/Arouca)
Em tempos de pandemia, em que o confinamento e o evitamento de contacto físico social se impuseram, a presença dos animais de estimação nas nossas vidas veio assumir outra importância.
Ter um animal de estimação pode ser uma experiência com benefícios para a saúde, nas suas diferentes dimensões. Se adotar um cão, ao passeá-lo, está implicitamente a fazer atividade física, o que irá contribuir para melhorar a condição física, otimizando o metabolismo do açúcar, o colesterol, a tensão arterial e o peso, e possibilita a interação com o meio socioambiental. Ao nível intelectual, a obrigação de tratar de um animal desenvolve o sentido de responsabilidade e atenção. Do ponto de vista emocional, a presença de um animal de estimação promove bem-estar, ajudando a combater sentimentos de ansiedade, depressão e isolamento; contribui também para o desenvolvimento de emoções positivas, como aceitação, empatia, compaixão ao próximo e sentir-se amado.
Estes benefícios são de uma importância crescente nos dias em que vivemos, em que as doenças relacionadas ao sedentarismo e as perturbações mentais são cada vez mais prevalentes. Se atentarmos nos idosos, que frequentemente vivem sozinhos, com escassas interações e estímulos, ter um animal de estimação pode ser uma ótima opção para melhorar a qualidade de vida; a presença constante do animal estimula intelectual e emocionalmente o idoso, pela necessidade de fornecer cuidados e responder às reações do animal, o que promove a funcionalidade do idoso e pode prevenir a progressão de processos demenciais. No caso das crianças, um animal de estimação pode ser um fator positivo ao seu desenvolvimento: promove a inteligência emocional, a aquisição de competências sociais, responsabilidade e atenção, o que pode modular o comportamento da criança e melhorar o seu rendimento escolar.
Apesar de todos os possíveis benefícios, ter um animal de estimação deve ser uma decisão bem ponderada. Há que ter em conta se é possível ter um animal de estimação, e qual o animal que mais se adequa à sua condição biopsicossocial. Se se trata de uma pessoa com graves limitações da mobilidade, ter um cão jovem, que requer muita atividade física, pode não ser uma boa opção. No entanto ter um gato, ou um cão adulto ou sénior pode ser uma opção válida. Se tem reação alérgica ao pelo dos animais, poderá optar por adotar um peixe. Há ainda que ter em conta que um animal requer cuidados de saúde para ter uma vida longa e saudável, que acarretam despesas pecuniárias, nomeadamente vacinação, desparasitação e alimentação.
No entanto, se tiver reunidas as condições para ter um animal de estimação, adoptar um animal de estimação pode ser das melhores decisões que tomará, pela sua saúde e pela dele.