38º Encontro de MGF: “a gestão clínica tem sido a guardiã do superior interesse dos nossos cidadãos”
A sessão de abertura do 38º Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar foi feita de (re)encontros. Foi esse, aliás, o mote de todo o congresso depois da interrupção (presencial) forçada em tempos mais agudos da pandemia.
O bastonário da Ordem dos Médicos marcou presença, em Braga, dirigindo-se aos médicos de família como uns dos “heróis desta pandemia”. “Vocês salvaram milhares de vidas e honraram o país”, enalteceu, destacando o papel determinante da Medicina Geral e Familiar, não só nos doentes com COVID-19, mas também no acompanhamento dos outros doentes. Infelizmente, por opção política, estes especialistas ficaram assoberbados de tarefas relacionadas com a pandemia, como é o caso, por exemplo, da vacinação ou do trace COVID.
Apesar disso, Miguel Guimarães não tem dúvidas de que “a gestão clínica tem sido a guardiã do superior interesse dos nossos cidadãos”. Falando inevitavelmente das declarações recentes do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – que procuraram desvalorizar a especialidade – o líder da Ordem dos Médicos classificou a atitude como “muito grave”, mas garantiu que tudo fará para continuar a defender a Medicina Geral e Familiar. “A nossa organização em MGF é um exemplo para o mundo. Tanto na qualidade do programa de formação, como na qualidade daquilo que os médicos de família fazem todos os dias”, afirmou.
No entanto, para valorizar os médicos de família, estes “não podem continuar a ter 1900 utentes na sua lista” e “temos de lhes tirar as tarefas administrativas” que podem ser efetuadas por outro tipo de profissionais. Medidas que forneceriam mais tempo para apostar na prevenção da doença, na literacia em saúde e, sobretudo, “mais tempo para os seus doentes”.
Ainda na sessão de abertura, o presidente de Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Nuno Jacinto, lembrou que os médicos de família são “médicos do todo, do tudo e de todos os momentos dos doentes”. Nunca virar as costas a quem precisa de cuidados de saúde caracteriza “a dedicação e o compromisso” da especialidade. Ainda assim, deixou um recado para o poder político. “Não abdicaremos do trabalho em equipa, nem da nossa autonomia. Não abdicaremos da nossa formação com rigor, solidez e exigência”.
António Lacerda Sales terminou a sessão deixando um “profundo agradecimento aos médicos de MGF”. O secretário de Estado Adjunto e da Saúde confessou que é um orgulho ser médico e estar entre colegas. Se o Serviço Nacional de Saúde mostrou “a sua resiliência e expansividade” nesta pandemia, “fê-lo por conta dos recursos humanos de excelência, muitas vezes com os sacrifícios dos profissionais e das suas famílias”, reconheceu o governante.
Antes, o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, já tinha falado ao auditório também para deixar o seu agradecimento e gratidão em nome do município.