Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos, esteve presente na sessão de abertura do 30º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI) no dia 23 de maio de 2024, ocasião em que enalteceu o muito que se deve a estes especialistas, por exemplo, na fase da pandemia. “Estão sempre presentes quando chamados a dar o vosso contributo. Veja-se o período muito difícil da pandemia” em que, muitas vezes, nos meios de comunicação social só apareciam os médicos intensivistas, obviamente muito importantes mas que tiveram um grande suporte da Medicina Interna. “Tenho plena consciência que o combate foi em grande parte travado pelos internistas”, lembrou Carlos Cortes. “Ainda que exaustos, não desistem de se dedicar aos doentes, de amenizar o seu sofrimento e de, muitas vezes, salvar as suas vidas”. A Ministra da Saúde que na intervenção que fez garantiu a “disponibilidade absoluta do Governo para valorizar esta especialidade” e lamentou que o programa de formação de Medicina Interna estivesse a aguardar aprovação desde 2020 e asseverou que esta equipa ministerial “pretende garantir uma medida exata para a aprovação dos programas”, medida essa que afirmou que será de um mês. Pegando nas palavras da Ministra da Saúde, Carlos Cortes lamentou que desde 2019 haja programas de formação “na gaveta”, sem aprovação, Registando o compromisso de Ana Paula Martins, Carlos Cortes foi perentório: “até 23 de junho temos então que ter publicado o programa de formação de Medicina Interna e os outros restantes 17 que ainda estão a aguardar”.
“Este ano festejamos os 50 anos da democracia. Não há liberdade sem saúde e não há saúde sem democracia e vamos festejar os 45 anos do SNS – marco fundamental do nosso país, da nossa liberdade e também da saúde”. Aos especialistas em Medicina Interna o dirigente agradeceu o seu papel neste percurso, pelo contributo “imprescindível na liderança dos serviços de urgência”, mas também nos internamentos e ambulatório, onde “têm a cargo os doentes mais graves”. “Grande parte da vida dos hospitais é dinamizada pelos internistas” que estão presentes em várias comissões e departamentos, mencionou, exemplificando com o controlo infeções. A Medicina Interna é, aliás, uma das três especialidade para as quais Carlos Cortes tem solicitado maior atenção, juntamente com Saúde Pública e Medicina Geral e Familiar. O Bastonário apelou à proatividade dos colegas, para que sejam parte da solução e das propostas para o futuro da especialidade. A OM, assegurou, estará sempre ao seu lado. Com esse objetivo criou recentemente “uma comissão de trabalho que junta o Colégio de Medicina Interna e a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna que tem como objetivo dar identidade e valorizar a especialidade”. “Estarei sempre ao lado dos e das internistas para a defesa da medicina. Sempre ao lado de todos os médicos na defesa de uma medicina de qualidade”, concluiu.
Durante o 30º Congresso Nacional de Medicina Interna, o Bastonário da Ordem dos Médicos fez questão de referir a necessidade de modernizar o funcionamento dos hospitais que têm que acompanhar a evolução da sociedade e da medicina. Naquele que considera ser um “momento de viragem” e “uma oportunidade única” para “em conjunto traçarmos o novo caminho”, Carlos Cortes recordou o exemplo da reforma profunda que ocorreu nos Cuidados de Saúde Primários com a criação das Unidades de Saúde Familiar e apelou a uma reforma hospitalar que traga modernidade. “É preciso uma reforma que coloque o internista no coração do hospital como co-gestor ou gestor do doente. (…) O desafio está em todos nós, incluindo todos os médicos internistas. (…) Peço que ajudem à transformação e valorização muito concreta daquilo que tem que ser o médico internista do presente e do futuro”.
Também presente na sessão de abertura, Lèlita Santos, Presidente Sociedade de Medicina Interna, frisou considerar que “a Medicina Interna sempre foi uma especialidade atrativa” com médicos muito resilientes, cientificamente bem preparados e prontos para serem parte das soluções para o setor da saúde. Mas, defendeu, é preciso agir sobre os múltiplos fatores que têm aumentado a “desmotivação e desanimo que podem tornar-se crónicos e irreversíveis”.
O Presidente da Subregião de Vila Real da Ordem dos Médicos, Fernando Salvador, foi também o Presidente deste 30º CNMI. A presença de tantos colegas neste encontro representa o “compromisso dos médicos internos [e dos especialistas] que se querem atualizar e discutir estratégias e reformas de maneira a contribuir para uma melhor sociedade”. “A saúde tem que ser um pilar (…) e o SNS tem de continuar a ser a maior conquista do pós 25 de Abril. Os médicos têm que continuar na linha da frente do diálogo, das reformas e dos projetos e consequentemente dos progressos”, defendeu.
Fernando Salvador referiu ainda “a importância de caminhar em direção à excelência em todos os territórios”, numa menção à necessidade de criar condições de atratividade para as regiões do interior. “A visão da Medicina Interna do doente como um todo, em toda a sua plenitude, em todos os seus órgãos e sistemas, é fundamental. Nenhum hospital funciona sem esta especialidade verdadeiramente integradora… Não tenho dúvida que em conjunto com a MGF somos o pilar do SNS”, declarou.
Na sessão de abertura participaram ainda, presencial ou remotamente, o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde, o Presidente da República, o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Loulé, o Presidente da Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro, e a Presidente da Sociedade Espanhola de Medicina Interna.