Convidado pelo Jornal Médico a fazer um balanço de 2020, escolhendo um único vocábulo para definir esse ano, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, elegeu a palavra “médico”. “Se há ano que conseguimos sintetizar em várias palavras e, simultaneamente, encontrar dificuldade em descrever, esse ano é 2020. Ainda assim, há uma palavra que foi transversal e na qual depositámos muitos dos nossos receios, mas também muita da nossa esperança no combate à pandemia e a todas as outras doenças que continuaram silenciosamente a existir. Refiro-me à palavra médico”, explicou, aproveitando para agradecer a todos os médicos o seu trabalho, dedicação, resiliência e espírito de sacrifício. “Os serviços de saúde foram uma vez mais as vossas casas, e, mesmo em sofrimento ético, salvar vidas continuou a ser a vossa missão – perante um cenário de incerteza, um vírus novo, o risco acrescido de poderem contagiar as vossas famílias e comentários políticos desastrosos e insultuosos. A transversalidade do que representa ser médico demonstrou-se no que já faziam nos hospitais, centros de saúde, saúde pública, investigação, etc. Mas, também ganhou novos contornos na partilha de informação sobre a pandemia com a população, nas propostas, recomendações e chamadas de atenção que fizeram, nos alertas essenciais sobre as falhas nos cuidados clínicos aos nossos idosos, muito em particular aos que vivem em lares. Prometemos no nosso Juramento de Hipócrates consagrar a nossa vida ao serviço da humanidade e colocar os doentes no centro das nossas preocupações. E assim foi, assim será em 2021”, conclui o bastonário.