Na sequência da petição pelo reconhecimento da medicina como profissão de desgaste rápido o Bastonário da Ordem dos Médicos esteve na Assembleia da República para acompanhar e debater a apresentação da petição que reivindica o reconhecimento da profissão médica como profissão de desgaste rápido, num contexto de crescente exaustão dos profissionais e de risco para a segurança dos doentes.
“Ser médico é estar todos os dias exposto a situações de enorme responsabilidade, em que cada decisão pode ter impacto direto na vida de um ser humano”, afirmou o Bastonário da Ordem dos Médicos. Os médicos do SNS enfrentam jornadas longas e irregulares, elevada pressão emocional e uma responsabilidade constante sobre vidas humanas, o que provoca um desgaste físico e mental acumulado muito elevado. Além de trabalharem expostos a riscos biológicos, estão igualmente sujeitos a situações de violência no local de trabalho, sendo compelidos a exercer a atividade clínica em condições muitas vezes inadequadas. Este contexto tem impacto comprovado na saúde dos médicos, com elevados níveis de exaustão, despersonalização e doença mental, como burnout. A degradação das condições de trabalho compromete também a segurança dos doentes e a qualidade dos cuidados prestados. Por tudo isso, reconhecer a profissão médica como de desgaste rápido é uma medida urgente de justiça e de proteção do SNS, conforme defendeu Carlos Cortes na Assembleia, esta quinta-feira.
Vivemos momentos de degradação acelerada do Serviço Nacional de Saúde, marcados por urgências com equipas desfalcadas, milhares de utentes sem médico de família, consultas hospitalares sobrelotadas e uma saúde pública cada vez mais fragilizada. Estas condições traduzem-se em ambientes de trabalho inadequados ao exercício da atividade médica, aumentando o risco de erro clínico e comprometendo a qualidade dos cuidados prestados. Na Assembleia da República, o Bastonário alertou para todos esses fatores e para o impacto profundo que a profissão - especialmente ao ser exercida nas condições atuais - tem na saúde física e mental dos médicos, resultado de horas de trabalho longas e, por vezes, imprevisíveis, elevada pressão emocional, grande responsabilidade clínica e ética.
Ao longo da carreira, estas exigências conduzem à deterioração da saúde dos médicos e ao esgotamento físico, mental e emocional progressivo das equipas.
A atribuição desse estatuto permitirá não só proteger mais os médicos como os doentes, pois a exaustão dos profissionais coloca em causa não apenas quem cuida, mas também a segurança dos doentes e a sustentabilidade do SNS.
O reconhecimento formal da medicina como profissão de desgaste rápido é da mais elementar justiça, especialmente se tivermos em conta que, em trabalho extraordinário, um médico, durante a carreira contributiva, trabalha cerca de 30% mais do que os restantes profissionais. É portanto uma medida essencial para valorizar os médicos, proteger os cidadãos e garantir cuidados de saúde seguros e de qualidade, conforme foi explicitado na Assembleia da República pelo dirigente máximo da Ordem dos Médicos.
Leia aqui o comunicado na íntegra que a Ordem dos Médicos emitiu dia 18 de dezembro de 2025.