A Ordem dos Médicos sublinha a exigência e a vulnerabilidade da profissão médica. Como tal, deverá ser reconhecida como atividade de risco e de desgaste rápido. O exercício da Medicina implica, pelo enquadramento legal próprio da sua carreira, uma dedicação permanente, em contextos que são, em muitos momentos, de elevada pressão emocional e desgaste físico que pode afetar nocivamente a saúde e o bem-estar dos profissionais.
“Ser médico é estar todos os dias exposto a situações de enorme responsabilidade, em que cada decisão pode ter impacto direto na vida de um ser humano”, afirma o Bastonário da Ordem dos Médicos.
Carlos Cortes sublinha que “os horários de trabalho prolongados, as exigências burocráticas e a falta de recursos, tornam a profissão uma das mais desgastantes e de maior risco. É urgente que o Estado reconheça esse estatuto e adote medidas concretas de proteção e valorização da atividade médica.”
Em outubro a Ordem dos Médicos apresentou aos grupos políticos com assento na Assembleia da República e ao Ministério da Saúde um pacote integrado de 25 medidas para aumentar a atratividade do SNS para os médicos.
Uma das medidas inscritas no eixo das condições de trabalho (ponto 3) referia, com objetividade, que “a medicina deve ser reconhecida formalmente como profissão de risco e desgaste rápido com estatuto legal próprio para todos os médicos. Esse reconhecimento deve traduzir-se em benefícios adequados em termos de proteção social, saúde ocupacional diferenciada e regimes de aposentação ajustados à realidade da prática médica.”
O debate parlamentar, agendado para amanhã, na Assembleia da República, reveste-se da maior importância e a aprovação das iniciativas legislativas que apontam no sentido proposto pela Ordem dos Médicos é fundamental porque “não podemos continuar a ignorar que o desgaste precoce dos médicos compromete não só a sua saúde, mas também a qualidade dos cuidados prestados à população.”
O Bastonário da Ordem dos Médicos enfatiza, a propósito da oportunidade de tomada de posição pela Assembleia da República, que “valorizar e proteger os médicos é proteger os doentes e o futuro do sistema de saúde.”
A Ordem dos Médicos considera essencial reforçar o compromisso em defender a dignidade da profissão e em sensibilizar a sociedade e os decisores políticos para a urgência de medidas estruturais que garantam a sustentabilidade da resposta médica e o acesso à prestação de cuidados de saúde de qualidade em Portugal.
Lisboa, 18 de dezembro de 2025