O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, reuniu com representantes da USF-AN para trocar algumas ideias sobre modelos de organização dos cuidados de saúde primários. André Biscaia, presidente da USF-AN, médico de família na USF Marginal (ACES Cascais), Carla Gouveia, dinamizadora do núcleo regional de Lisboa da USF-AN e médica de família na USF Mosteiro em Odivelas (ACES Loures-Odivelas), e José Carlos Marinho, presidente do Conselho Fiscal da USF-AN, médico de família recentemente aposentado e que estava na USF Santa Joana em Aveiro (ACES Baixo Vouga) transmitiram algumas das suas preocupações e perspetivas de colaboração institucional com a Ordem dos Médicos.
André Biscaia explicou como a evolução das USF se tornou uma espécie de corrida de barreiras, em que se estabelecem “objetivos inatingíveis”, como classificou Carla Gouveia, lamentando a desmotivação gerada por tais dificuldades. O presidente da USF-AN enquadrou o trabalho dessa instituição, que tem “uma bolsa de cerca de 70 colegas, distribuídos pelas várias regiões” que fazem um acompanhamento interpares junto dos colegas que estão a constituir USFs para os ajudar nesse processo. Lamentando que se esteja a querer avançar com o modelo das ULS – Unidades Locais de Saúde sem que se defina bem os contornos de atuação e articulação, André Biscaia não hesitou em referir que “parece haver um plano para as ULS – Unidades Locais de Saúde… Mas só é conhecido pela direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, o que não permite nem escrutínio, nem oposição…”, lamentou.
José Carlos Marinho alertou para a falta de atratividade e a forma simples como estamos a perder especialistas para o estrangeiro onde a remuneração é muito mais interessante, assim como os horários e o respeito pela autonomia dos profissionais na organização do seu trabalho.
Carlos Cortes transmitiu aos colegas a disponibilidade da Ordem para colaborar na definição de questões técnicas, foco principal que pretende realçar a todo o momento na ação da instituição que representa. Deixou ainda uma palavra para a importância das lideranças, médicas, pois como já defendeu em diversos momentos, não são os modelos que definem o sucesso das reformas: o sucesso depende sempre de lideranças eficazes e motivadoras.