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Um SNS E-mailofílico

Autor: Maria Teresa Silva, médica especialista em Medicina Geral e Familiar

 

Todos os dias, a todas as horas, a cada minuto… como o pêndulo de um relógio que oscila sem parar… tic-tac, tic-tac… os alertas de novos e-mails seguem-se incansavelmente nas caixas de correio eletrónico dos profissionais dos cuidados de saúde primários.

Reclamações, elogios, receitas, transportes, baixas, reuniões, novas circulares, despachos… muitos despachos… despachos para recolocar profissionais, despachos para reparar impressoras, despachos para comprar iogurtes… neste SNS tudo é despachado e tudo notificado pelos incessantes e-mails que chegam um após o outro, com CC. e BCC. para a diretora, para o coordenador, para o substituto, para o técnico, para a senhora do bar, para o cão que está em casa e assim não se sente sozinho.

E, no final, quem acaba despachado é mesmo o utente, porque se não sobrar tempo para encaminhar o último e-mail recebido para a sua próxima vítima ainda nos cai em cima alguma maldição por quebrar tal cadeia de transmissão…

Pingpingping… lá se vai ouvindo o dia todo, com cada novo e-mail que nos atinge.