O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu, no lançamento da conferência sobre o Futuro da Europa, que decorreu no dia 28 de julho, em Lisboa, a necessidade de uma “diplomacia europeia para a Saúde” capaz de combater crises sanitárias e organizar recursos profissionais. Miguel Guimarães gostaria de ver reforçado o papel da Europa no mundo. E, para isso, seria “importante” a criação de um gabinete de diplomacia para uma intervenção comum na área da saúde, considerou.
“Nós precisamos de ir mais longe na Europa em termos de saúde. Tivemos bons momentos nesta pandemia e momentos menos bons, sobretudo, por exemplo, nas vacinas. Um momento muito bom foi termos feito uma compra conjunta de vacinas, um momento mau foi não termos uma estratégia comum sobre que idades vacinar, nomeadamente com a Astrazeneca”, disse.
Além da diplomacia, as questões da autonomia das instituições europeias marcaram o seu discurso. Isto porque, evidenciou, “precisamos de um centro europeu que possa congregar e ter autonomia para tomar decisões em matérias que estão relacionadas com eventos internacionais, como pandemias”. Na opinião do representante dos médicos, a autonomia de instituições como a do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças é limitada. Motivo pelo qual defendeu a criação de um organismo, representado por ministros dos vários países, para que sejam criadas “políticas comuns de combate a pandemias ou situações do género”.
No topo das suas principais preocupações nesta área está ainda a “falta de capital humano a nível europeu”. “As próprias instituições europeias têm reconhecido que temos um problema. Portugal tem dado um grande contributo para a formação de profissionais de saúde, mas há vários países europeus que não estão a cumprir o seu papel”, observou.
Esta conferência para o futuro da Europa é uma iniciativa do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que pretende durante os próximos tempos contribuir para um melhor conhecimento das preocupações e anseios da sociedade civil. O objetivo é “levar a Europa para lá das suas capitais, reforçando a ligação entre os europeus e as instituições”.