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Voz populista

Autor: Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos

*este artigo foi publicado originalmente no Correio da Manhã, edição de 21/07/2022. Disponível AQUI

O Ministério da Saúde (MS), através do SEAS, disse aos portugueses que mais vale ter um médico que não ter médico nenhum, clarificando que existem médicos de família com especialidade e sem especialidade!? Confesso que nunca pensei que o MS fosse tão longe. Que o MS não gosta de médicos já todos entendemos. Mas que utilizasse a voz populista na sua versão mais negra, é um sinal de desespero pela incapacidade de gerir o capital humano do SNS.  Será que foi obra de uma onda de calor que tolheu o raciocínio? A atitude é profundamente lamentável. O SNS está a bater no fundo. E os sinais de alerta são muitos, conhecidos e preocupantes. Na verdade, estão inscritos no Colégio de Medicina Geral e Familiar (MGF) mais de 8000 médicos especialistas e anualmente formam-se mais de 500 jovens especialistas em MGF. Então, porque é que todos os portugueses não têm ainda médico de família atribuído? Será que não é possível criar melhores condições de trabalho para atrair os jovens especialistas e manter os mais experientes? Ou contratar médicos especialistas reformados com remuneração melhorada? Ou criar mais USF modelo B e dar melhores condições aos especialistas das UCSP? Ou implementar as USF modelo C?…