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Um ventilador do mar para o SNS

No dia 19 de maio, véspera do Dia da Marinha, o bastonário da Ordem dos Médicos visitou a Base Naval de Lisboa, numa manhã em que se falou de mar – mas sobretudo com os olhos postos em terra e na pandemia que o país atravessa. A Marinha Portuguesa tem estado a aproveitar os conhecimentos das suas operações e de outras investigações para desenvolver um ventilador de baixo custo que, em breve, pode ajudar a reforçar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde.

Durante a visita, presidida pelo comandante naval, vice-almirante Alberto Silvestre Correia, foi possível conhecer, na Célula de Experimentação Operacional de Veículos Não Tripulados, o processo de desenvolvimento do ventilador, assim como ver como funciona o equipamento em pulmão artificial.

Além de Miguel Guimarães, a comitiva contou com a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, com o diretor clínico do Hospital Garcia de Orta, Nuno Marques, e com o diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital Garcia da Orta, Antero Fernandes.

O projeto arrancou no dia 17 de março e, neste momento, já está em fase de seleção da empresa que poderá vir a produzir o ventilador, num trabalho intenso, desenvolvido em menos de dois meses, em que o combate armado foi substituído pela luta contra um inimigo invisível, o SARS-CoV-2, e que está a abalar várias áreas da nossa sociedade.

Em termos técnicos, o protótipo de ventilador mecânico responde às exigências de controlo de pressão, caudal e volume que estes equipamentos precisam, estando preparado para uso em contexto hospitalar, mas também para cuidados no domicílio em fase de convalescença, já que é possível operá-lo remotamente.

Para a Célula de Experimentação Operacional de Veículos Não Tripulados, o ventilador tem também valor acrescentado relativamente a outros protótipos, já que foi desenhado com base na cultura naval da redundância, alinhado com diversos modelos de emergência. A título de exemplo, se um dos cilindros tiver uma falha catastrófica o outro continua a assegurar a ventilação do doente. O design também foi pensado para facilitar a desinfeção do ventilador, trocando apenas o cilindro contaminado, o que permite aumentar o tempo de vida do equipamento.

“O trabalho que presenciei aqui hoje é absolutamente notável. A pandemia veio reforçar a ligação entre várias estruturas com grande capacidade em termos de inteligência e que tiveram a bondade de a colocar, uma vez mais, ao serviço de Portugal e dos portugueses. Temos uma Marinha de excelência, com missões de sucesso e taxas impressionantes de concretização nas manobras de resgate. Este ventilador é mais um contributo que fará a diferença na capacidade de resposta dos serviços de saúde a esta pandemia”, comenta o bastonário da Ordem dos Médicos, em síntese da visita.