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Terra de ninguém

Autor: Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos

*este artigo foi publicado originalmente no Correio da Manhã a 24/06/2021. Disponível AQUI

 

A grande diferença desta pandemia para outras emergências de saúde pública na nossa história está, sobretudo, na mobilidade incontornável num mundo globalizado. Sabemos que o controlo de fronteiras, nomeadamente nos aeroportos, é determinante para a forma como o SARS-CoV-2 se tem conseguido espalhar por todos os países, desde o início e também nas novas variantes. A solução inicial, para ganharmos tempo, foi a de fechar praticamente tudo, mas todos reconhecemos hoje que é preciso trabalhar soluções que compatibilizem ao máximo a saúde e a economia – o que implica acelerar a vacinação e manter todas as medidas de proteção já conhecidas.

Com Portugal na quarta vaga, é com grande preocupação que constato e recebo vários relatos sobre a ausência de estratégia no Aeroporto de Lisboa, qual terra de ninguém. Desde falta de coordenação e organização, a aglomerados de pessoas de diferentes países, ausência de controlo e fiscalização sobre o uso correto de máscara ou mesmo de sintomas associados à Covid-19, são vários os problemas. Problemas que outros países viram antes de nós e que nos podem levar a recuar para onde estivemos e onde não suportaremos – a nível de saúde e economia – estar outra vez. Em terra de ninguém o vírus será sempre rei.