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Reforço, autonomia e respeito são essenciais para um SNS forte

Num artigo para a revista da Ordem dos Engenheiros de janeiro-Março de 2021, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, definiu as três palavras-chave essenciais para alavancar o futuro do Serviço Nacional de Saúde: reforço, autonomia e respeito. “É impossível construirmos um sistema de saúde melhor sem um claro reforço financeiro e de capital humano. A saúde tem de ser uma prioridade a sério, não pode ser uma prioridade só no papel”, pois, como ficou provado “a saúde é o motor da economia”. “É urgente que o PIB que dedicamos à saúde caminhe para o valor da média da União Europeia (UE)” pois “Portugal dedica apenas 6,3% do seu PIB à saúde e a média da UE a 28 era de 7,1%, em 2017, último ano fechado. E estamos a falar de produtos internos brutos muito diferentes no seu volume”. Também a despesa per capita em saúde “está em Portugal mil euros abaixo da média da OCDE”. A segunda ideia chave, é que “a autonomia de quem está no terreno a tomar decisões é determinante”. O que ficou comprovado nesta pandemia com “os hospitais, pela primeira vez, a conseguirem resolver os seus problemas em tempo útil durante o estado de emergência, que vigorou na primeira vaga da pandemia, altura em que puderam fazer contratações diretas e compras de alguns equipamentos”. “…Por fim, juntar a palavra respeito à equação: os médicos e o capital humano têm sido muito mal tratados e sem pessoas não há sistema de saúde. Os profissionais de saúde mostraram, mais uma vez, uma qualidade técnica, empenho, dedicação, solidariedade e humanismo que permitiu minimizar efeitos piores”.

Neste artigo, o bastonário referiu ainda outras insuficiências importantes que se tornaram mais evidentes com a pandemia, nomeadamente porque “tanto nos centros de saúde como nos hospitais, muitas consultas presenciais foram substituídas, não pela verdadeira telemedicina que garante a proteção dos dados pessoais, a segurança, a qualidade e a responsabilidade, mas por teleconsultas centradas apenas em simples telefonemas”. O representante dos médicos alertou que é preciso dotar os serviços dos meios para que possam fazer a verdadeira telemedicina, com a qualidade que os portugueses merecem. Para isso, é fundamental “contarmos com engenheiros nas equipas de saúde”, o que “será cada vez mais uma realidade no futuro”. O bastonário referiu perentoriamente que os sistemas de saúde precisam “cada vez mais de outras profissões” para se adaptarem às exigências técnicas e tecnológicas.