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Preço elevado

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos

*artigo publicado originalmente no jornal Correio da Manhã

 

Este é o meu primeiro texto de 2021, e seria tradicionalmente um momento de retrospetiva perante o ano que deixamos e resoluções para o ano que chega. Não poderia deixar de desejar um bom ano a todos, com muita saúde, e efetiva esperança renovada na medicina e na ciência, para que nos continuem a trazer as respostas para a pandemia.

Contudo, há um número revelado ontem e que não podemos ignorar. Foram detetados em Portugal 10.027 novos casos de Covid-19. Quando a Ordem dos Médicos fez recomendações para que as medidas propostas para o Natal fossem mais concretas, que ajudassem a criar balizas numa época em que as emoções são difíceis de contrariar, fomos alvo de críticas.

Portugal preferiu seguir um caminho ao arrepio do que faziam outros países da União Europeia. É certo que temos uma economia mais frágil e que o equilíbrio entre saúde e economia será sempre mais difícil de gerir. Mas o preço das nossas inações pode ser tão ou mais elevado que o das nossas ações. Este número é um preço muito elevado, que poderia ter sido evitado, e que, a manter-se, vai colocar mais pressão em cima dos mesmos. Que não falte agora a coragem política para retirar lições, ouvir quem está no terreno e agir.