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Ordem lamenta norma que cria desigualdades e contribui para entropia no processo de vacinação

A Ordem dos Médicos tomou conhecimento da decisão da Direção-Geral da Saúde sobre a vacinação de adolescentes entre os 12 e os 15 anos e lamenta uma decisão que cria desigualdades e que contribui para a entropia no processo de vacinação. A norma começa por limitar o acesso à vacina contra a Covid-19, nestas faixas etárias, a adolescentes com comorbilidades, justificando-se que para um eventual alargamento será necessária mais evidência científica. Contudo, a mesma norma, mais à frente, considera que, desde que haja indicação médica, qualquer adolescente poderá ter acesso à vacina. Ou seja, já não interessa a evidência científica.

Esta decisão da Direção-Geral da Saúde contraria a tese de que ainda não há evidência suficiente e cria desigualdades entre as famílias que conseguirão ter acesso a essa mesma prescrição e as que não terão, sobretudo numa altura em que o acesso à saúde tem estado muito condicionado e em que todos os recursos deveriam ser focados na recuperação de doentes e não em mais um procedimento burocrático. Neste primeiro dia da semana, já chegaram à Ordem dos Médicos relatos de aumento de contactos com os centros de saúde de pessoas interessadas em vacinar os filhos nestas idades.

Mesmo entre os profissionais de saúde a norma não foi recebida de forma clara, com alguns especialistas a saudarem a norma, mas a virem, mais tarde, criticar este acesso condicionado. O processo tem de ser gerido de forma universal e ágil, como é aliás essencial no combate a uma pandemia. Desta forma, apelamos a uma rápida revisão desta norma, no sentido de esclarecer a mesma e reforçar a confiança na evidência científica e na ampla experiência já existente, protegendo os mais jovens da ameaça física, psicológica e social que este vírus tem representado para a vida de todos nós.

Lisboa, 2 de agosto de 2021