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Ordem dos Médicos e Instituto Superior Técnico apresentam novo indicador para avaliar impacto da pandemia na saúde

A evolução da pandemia desde março de 2020, com a identificação de novas variantes e a aprovação de várias vacinas seguras e eficazes, exige que a avaliação do impacto do SARS-CoV2 seja feita de forma mais ágil e com uma visão capaz de englobar vários aspetos, operacionalizados através de indicadores, que permitam dar uma resposta que proteja o acesso de todos os doentes a cuidados de saúde de qualidade e em tempo útil.

Nesse sentido, a Ordem dos Médicos alertou, por diversas vezes, que a atual matriz de risco que sustenta a análise da situação pandémica e a tomada de medidas de contenção da Covid-19 já não era uma ferramenta suficientemente completa. Em alternativa, a Ordem dos Médicos defendeu que seria urgente construir um modelo capaz de ter em conta ou em consideração outros aspectos pertinentes, com mais capacidade de antecipar as alterações necessárias, como tem sublinhado a Organização Mundial de Saúde.

Inicialmente, a Ordem dos Médicos avançou publicamente com uma prova de conceito e agora, em parceria com o Instituto Superior Técnico, apresenta um novo “Indicador de avaliação do estado da pandemia e impacto global na Saúde”, isto é, uma ferramenta que combina vários indicadores parciais para, em tempo real, ser possível ter uma perceção adequada do risco para a saúde pública que a pandemia está a acarretar. A forma transparente, simples e flexível como os indicadores parciais são combinados permite, ainda, que o modelo seja aberto e facilmente adaptável a novas fases e variantes da pandemia com que nos venhamos a confrontar.

A avaliação que agora apresentamos combina dois pilares, um primeiro com duas dimensões e um segundo com três dimensões:

Pilar 1 – Atividade da pandemia

1 – Incidência – número de novos casos diários incluídos nos boletins da Direção-Geral da Saúde, mas utilizando uma média a sete dias, que permite eliminar as variações registadas nos fins-desemana, mas sem o atraso de uma análise que espere 14 dias;

2 – Transmissibilidade – esta variável recorre ao Rt mas também modulado para poder ser utilizado de forma mais ágil e olhando valores a sete dias;

Pilar 2 – Gravidade da pandemia

3 – Letalidade – a letalidade registada a 14 dias é considerada a função que melhor mede a gravidade real da doença e o impacto do processo de vacinação;

4 – Capacidade hospitalar e humana em enfermaria – o número de doentes internados em enfermaria permite perceber a disponibilidade do sistema de saúde, equilibrando os recursos direcionados a doentes Covid-19 e não Covid-19;

5 – Capacidade hospitalar e humana em Unidades de Cuidados Intensivos – à semelhança do internamento em enfermaria, mas com menor disponibilidade de camas, o número de doentes internados em cuidados intensivos é também crítico para um equilíbrio na resposta;

A incidência, transmissibilidade, gravidade da doença e capacidade hospitalar e humana conduzem, cada uma delas, a níveis de impacto que variam desde uma zona de atividade residual até níveis de alerta, alarme, crítico e de rutura. Além disso, cada um dos indicadores parciais impacta de forma diferenciada para o estado global da pandemia, que pretende traduzir a rapidez e o impacto com que contribuem para a expansão da Covid-19.

Assim, o indicador global que apresentamos permite agregar as cinco grandes áreas acima destacadas e os respetivos impactos parciais, traduzindo-se graficamente o nível em que nos encontramos em cada dia. O indicador permite também construir um sistema cromático, associando-se as medidas necessárias em cada fase às respetivas cores.

Lisboa, 14 de julho de 2021