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Ordem distingue liderança e humanismo

A Ordem dos Médicos, através da Direção da Competência em Gestão dos Serviços de Saúde, homenageou Carlos Freire de Oliveira pelo seu trabalho excecional na gestão de várias instituições, mas também pelo seu percurso de vida como médico e como pessoa, percurso marcado pela cidadania e solidariedade. Carlos Freire de Oliveira recebeu das mãos do bastonário da Ordem dos Médicos e do presidente da Competência, a medalha e diploma referentes à 7.ª Distinção de Mérito em Gestão dos Serviços de Saúde no dia 26 de setembro de 2020.

Carlos Robalo Cordeiro, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em representação do Senhor Reitor, transmitiu reconhecimento, admiração e orgulho em relação ao homenageado e realçou o caráter altruísta, o humanismo e a “entrega permanente e desinteressada” que “sempre o acompanhou na sua carreira”, em benefício dos doentes.

Carlos Cortes, por seu lado, felicitou a direção da Competência em Gestão dos Serviços de Saúde, frisando a importância de reconhecermos os nossos pares e, dirigindo-se a Carlos de Oliveira, expressou a sua gratidão, referindo-se ao homenageado como um dos seus “mestres” e um “exemplo como médico”. Com uma intervenção sentida, o presidente da SRCOM, destacou o inconformismo do agraciado: “há em si características muito interessantes de inconformismo; não um inconformismo passivo (…) nem mais crítico (…) em que não se faz nada para alterar” mas antes “um inconformismo criador” que o levou a desenvolver muitos projetos ao longo da vida, o que acresce a uma extensa participação na área da formação médica. “É um médico na sua plenitude”, juntando “todas as características daquilo que é ser médico”. “Médico, docente, homem e ser humano, (…) muito obrigado por ser um gigante no meio de nós”, concluiu.

Na sua intervenção, Miguel Sousa Neves, presidente do Colégio da Competência em Gestão dos Serviços de Saúde, fez questão de nomear todos os membros da direção – referindo a presença na cerimónia de Fátima Carvalho, António Vieira, José Tereso, Duarte Nuno Vieira e Victor Machado Borges, e sem esquecer de referenciar os que não puderam estar presentes (Carlos Marques e José Pedro Moreira da Silva). Recordando que a competência foi criada com o intuito de promover para os médicos “formação adequada na área da gestão”, Miguel Sousa Neves sublinhou como, graças ao desafio lançado pelo atual bastonário, então presidente do Conselho Regional do Norte, foi “reavivada”.

Duarte Nuno Vieira, membro da direção da Competência e decano da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, fez o elogio do homenageado, começando por referir como este “tempo arrevesado, em que o mundo nos tem parecido o contrário do que deveria ser; (…) gerador de complexidades múltiplas” e no qual “a prestação de cuidados de saúde adquiriu uma relevância acrescida”, revelou-se ainda de forma mais pungente a necessidade de “uma prestação de cuidados criteriosa e eficiente mas humanizada e solidária”, do qual é exemplo o homenageado, Carlos Freire de Oliveira que se destacou na gestão associativa e que “além de uma carreira hospitalar e académica repletas de méritos, se notabilizou pela sua intervenção em termos de solidariedade e ação social”, alguém que, frisou este orador, soube entender exemplarmente que não há projeto ou intervenção na área da saúde que valha a pena se não tiver em conta a ética, a solidariedade e a dignidade da pessoa humana. Duarte Nuno Vieira enalteceu a competência e seriedade, o dinamismo, e o sólido espírito de solidariedade, a dedicação e persistência, a iniciativa e determinação, de Carlos Freire de Oliveira, “alguém que tenta pôr o melhor de si próprio em tudo o que concretiza”, um “exemplo de cidadania”, “alguém que soube manter o esforço continuo de modernização”. “Senhor professor, estimado mestre e amigo, é um privilégio e uma honra participar nesta cerimónia singela que expressa o nosso agradecimento e gratidão”.

Tomando a palavra o homenageado, Carlos Freire de Oliveira, agradeceu a distinção atribuída pelos seus pares, explicando reconhecer em si próprio “a característica de liderança” que talvez represente a súmula das restantes características que lhe são atribuídas. Lembrando algumas partes do seu percurso de vida, Carlos de Oliveira, referindo-se à médica e companheira de vida, Maria Helena Saldanha, frisou: “se estou aqui, devo em grande parte à sua ajuda”, contando episódios, desde um doutoramento cuja oportunidade surge associada à vontade de não ir para a guerra colonial, à ida para o Instituto Gustave-Roussy e a aprendizagem “muito útil” e que viria a trazer para Portugal. Sobre o trabalho associativo, o homenageado recordou como, na década de 80, iniciou a sua já longa participação ativa na OM: primeiro como membro da direção e, depois, como presidente do Colégio de Ginecologia e Obstetrícia, recordou os anos  em que foi representante da OM na UEMS, a passagem pelo Conselho Nacional de Disciplina, a comissão de proposição da competência – hoje especialidade – de Oncologia Médica, a criação da subespecialidade de Ginecologia Oncológica, a cuja direção ainda preside… Do trajeto universitário e profissional escolheu destacar positivamente a participação no Conselho Médico-legal e no Conselho Geral da Universidade. Na área associativa lembrou também quase uma década na direção regional e depois na direção nacional da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Sobre a decisão de deixar essa atividade, o homenageado partilhou a aprendizagem: “é melhor ser rei do teu silêncio do que escravo das tuas palavras”, disse.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, realçou a importância desta distinção, que é entregue num contexto de pandemia, “uma altura difícil para os médicos, para todos os profissionais, difícil para os portugueses, o país e o mundo”, como enquadrou o bastonário da Ordem dos Médicos, lembrando o trabalho construtivo do Gabinete de Crise da OM do qual faz parte Carlos Robalo Cordeiro, trabalho esse que se tem revelado essencial para se ultrapassar esta fase de grande complexidade. A gestão e a liderança – características que a Ordem dos Médicos enaltece ao atribuir, através da Direção da Competência em Gestão dos Serviços de Saúde, esta distinção – têm sido, aliás, elementos chave no combate à pandemia. Referindo-se ao homenageado como exemplo de capacidade de liderança, Miguel Guimarães lembrou que “Carlos Freire de Oliveira sempre foi um defensor dos doentes” e enalteceu o trabalho notável que fez à frente da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Num tempo em que “é preciso fazer acontecer”, Miguel Guimarães sublinhou essa como sendo uma das características de Carlos de Oliveira. Depois de tantas “ideias, planos, reuniões, propostas, recomendações, o que é preciso é fazer com que as soluções aconteçam”. “Ao Prof. Carlos de Oliveira obrigado porque soube fazer acontecer”, referiu, dirigindo ao homenageado “um grande abraço de gratidão pelo magnífico trabalho que fez durante este seu percurso, mas sobretudo por ser a pessoa que é com um sentido humanista e solidário”, e concluindo com alguns desafios: que se consagre nas carreiras a de médico gestor, que se crie um curso de liderança e gestão com o apoio de uma universidade internacional de topo, como Harvard, por exemplo, e que se consagre na legislação a importância de possuir a competência em gestão de unidades de saúde.