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Ordem contra decisões que criem desigualdades na vacinação

A Direção-Geral da Saúde anunciou, inicialmente, que a vacinação de adolescentes entre os 12 e os 15 anos iria avançar apenas para quem tinha comorbilidades, por falta de evidência científica para um alargamento generalizado. Contudo, deixava em aberto a hipótese de todos os adolescentes poderem ser vacinados perante indicação médica.

A Ordem dos Médicos alertou que a dependência de indicação médica criaria desigualdades e entropia num sistema já sobrecarregado, multiplicando contactos desnecessários, o que levou a DGS a recuar e a avançar com uma norma que prevê a vacinação só para quem tem comorbilidades.

O bastonário da Ordem dos Médicos defende que há evidência científica suficiente para alargar a vacinação a todos os jovens, tendência seguida aliás na maioria dos países europeus, mas congratulou-se por a DGS optar, ainda assim, por uma solução que não vai trazer mais injustiças ou acentuar dúvidas sobre o plano de vacinação. Miguel Guimarães entende que as exceções, a existirem, não podem ser a regra.

A decisão inicial da Direção-Geral da Saúde criava desigualdades entre as famílias que conseguiriam ter acesso a essa mesma prescrição e as que não teriam, sobretudo numa altura em que o acesso à saúde tem estado muito condicionado e em que todos os recursos deveriam ser focados na recuperação de doentes e não em mais um procedimento burocrático. No espaço de uma semana, já tinham chegado à Ordem dos Médicos relatos de aumento de contactos com os centros de saúde de pessoas interessadas em vacinar os filhos nestas idades.

Mesmo entre os profissionais de saúde a notícia inicial não foi recebida de forma clara, com alguns especialistas a saudarem a posição da DGS, mas a virem, mais tarde, criticar este acesso condicionado. O processo tem de ser gerido de forma universal e ágil, como é aliás essencial no combate a uma pandemia.