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“O Governo não definiu a Saúde como uma prioridade”, sublinha o bastonário

Os graves constrangimentos que se têm verificado nas urgências de Ginecologia e Obstetrícia, em alguns hospitais, nas últimas semanas, têm motivado várias críticas ao Governo da oposição, da sociedade em geral e dos profissionais que fazem, todos os dias, o Serviço Nacional de Saúde.

Em entrevista à CNN Portugal, o bastonário da Ordem dos Médicos afirmou que a questão essencial é a falta de investimento e de aposta dos líderes políticos no setor da Saúde. “O Governo não definiu a Saúde como uma prioridade”. Miguel Guimarães diz ainda que “se amanhã, porventura, os médicos cumprirem rigorosamente a Lei (ao nível das horas extraordinárias e das urgências após os 55 anos) os hospitais e os centros de saúde acabam por fechar”.

A falta de valorização do capital humano leva a uma deterioração do SNS que começa a ter consequências nefastas, tal como é exemplo a crise nas urgências de Ginecologia e Obstetrícia nos últimos dias. Para o bastonário, a ministra da Saúde “já teve demasiado tempo para resolver uma situação que é fácil de resolver”. É preciso “fazer diferente” para a Saúde em Portugal voltar a ficar saudável, defendeu.

Veja intervenção completa na CNN Portugal aqui

Tal como escreveu no seu artigo de opinião quinzenal, no jornal Correio da Manhã, o representante de todos os médicos lamenta que “apesar dos sucessivos alertas de várias personalidades da Saúde e de instituições, como é o caso da Ordem dos Médicos”, vários ministros da Saúde não tenham executado “a estratégia necessária para modernizar o SNS. Mesmo depois de António Arnaut e João Semedo terem dado como título ao seu último livro “Salvar o SNS”.

“A doença [do SNS] é estrutural. E centra-se por um lado no capital humano e por outro num novo modelo de gestão do SNS, que tarda em substituir a gestão burocrática vigente”, escreveu. “Continuamos a falhar em áreas críticas do capital humano: a valorização do trabalho dos médicos e das carreiras, o acesso a investigação, a ausência de um propósito para ficar no SNS, a dimensão da síndrome de burnout, sofrimento ético e violência contra profissionais. Não é aceitável que um médico tenha um salário inferior aquele que tinha há 10 anos. É preciso mudar e fazer acontecer. Hoje, não amanhã”.