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Médicos portugueses com perda real de salário de 1,8% na última década

Segundo o relatório “Health at a Glance”, publicado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), os médicos portugueses enfrentaram na última década uma perda real nas remunerações que atinge os 1,8%. O relatório “Health at a Glance” atualiza a análise da evolução nas remunerações dos profissionais de saúde em vários países europeus.

“Em Portugal, ocorreu uma redução entre 2010 e 2012; desde então, a remuneração dos médicos tem aumentado, mas mantinha-se em 2020 mais baixa do que em 2010 em termos reais”, refere a publicação.

Além de Portugal, também na Eslovénia e no Reino Unido os médicos sofreram uma perda real das remunerações ao longo da última década. Em alguns países, como Portugal, Eslovénia e Reino Unido, a remuneração dos médicos sem especialidade e especialistas diminuiu em termos reais entre 2010 e 2020, informa o relatório da OCDE que analisou vários indicadores de saúde no período da pandemia da Covid-19.

O relatório salienta que na maioria dos países europeus a remuneração destes profissionais aumentou em termos reais (ajustada à inflação) desde 2010, mas a taxas diferentes entre países e diferenciada entre médicos especialistas e sem especialidade.

“O aumento entre especialistas e generalistas tem sido particularmente forte na Hungria. O Governo húngaro aumentou substancialmente a remuneração de médicos especialistas e generalistas na última década para reduzir a emigração de médicos e as carências” de profissionais, refere a OCDE. Um cenário – emigração – que se tem verificado fortemente em Portugal.

O documento indica ainda que o número de médicos nos países da União Europeia aumentou de cerca de 1,5 milhões em 2010 para 1,8 milhões em 2020, fazendo com que a média de médicos por mil habitantes aumentasse, de 3,4 para 4,0.

Em 2020, a Grécia registava o maior número de médicos, com 6,2 médicos por mil habitantes, seguindo-se de Portugal, com 4,5 médicos por mil habitantes.

A OCDE e a Comissão Europeia salientam que, antes da pandemia, os países dedicavam apenas uma média de 3% do total dos gastos em saúde em prevenção.

“Em 2020, a maioria dos países da UE aumentou substancialmente os seus gastos com a prevenção, pelo menos temporariamente, para financiar campanhas de testes, rastreios, vigilância e informação pública relacionadas com a pandemia”, refere o documento.

“Uma das lições da pandemia é que maximizar a saúde das pessoas e minimizar a sua exposição a fatores de risco antes de uma crise é fundamental. A obesidade e as condições crónicas, como diabetes e problemas respiratórios, foram fatores de risco importantes para complicações graves e morte por Covid-19”, recordam.

O relatório refere ainda que se verificam “grandes variações” no nível e no crescimento das despesas de saúde em toda a Europa. Com uma despesa de 4.997 euros por pessoa, a Suíça foi quem mais gastou na Europa, seguida da Alemanha (4.831 euros). Já no lado oposto da tabela, a Roménia, a Croácia e a Bulgária foram os os países com menor despesa, abaixo da metade da média da União Europeia (3.159). Em Portugal, a despesa situou-se nos 2.331 euros, abaixo da média europeia. Em 2020, 10,9% do PIB da União Europeia foi dedicado aos cuidados de saúde.