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Médicos entre as profissões com maiores cortes de salário nos últimos 10 anos

Nos últimos 10 anos, são os médicos e os investigadores que registam o maior decréscimo no ganho médio mensal entre as profissões do setor público, enquanto que deputados e magistrados obtiveram os maiores acréscimos. Segundo o balanço da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público, os salários dos médicos registam queda de 1,85%, enquanto deputados e magistrados têm um acréscimo de 23,7% e 31%, respetivamente.

A queda de 1,85% nos salários corresponde a cerca de 68,39 euros mensais, incluindo bonificações, de acordo com o Jornal de Notícias.

Em contraciclo, os deputados obtiveram um acréscimo de 23,7% nos seus salários, ficando apenas atrás dos magistrados, que observaram uma inflação de 31% (cerca de 1446,40 euros) nos seus ganhos mensais.

A Ordem dos Médicos defende que devem ser aplicadas à carreira as mesmas regras e o mesmo nível salarial que estão em vigor para os magistrados. Dessa forma, afirma o bastonário, Miguel Guimarães, em declarações ao Correio da Manhã, pode evitar-se a saída de médicos do SNS e o encerramento temporário de serviços de urgência.

“Temos médicos com vencimentos extremamente baixos e se não se discutir o vencimento-base, mais médicos vão abandonar o Serviço Nacional de Saúde”, garantiu Miguel Guimarães, frisando que o fecho das urgências de Ginecologia/Obstetrícia que se tem verificado nas últimas semanas em vários hospitais é “apenas a ponta do icebergue”. “Nada impede os médicos de sair e só se consegue atrair os que estão no privado com melhores condições no SNS”, acrescentou.

Com a saída de médicos do SNS, os hospitais têm vindo a recorrer cada vez mais às empresas de trabalho temporário que contratam especialistas em regime de prestação de serviços (os chamados, popularmente, de tarefeiros) que chegam a auferir um valor três vezes superior à remuneração paga aos médicos dos quadros do SNS, alertou Miguel Guimarães.

No ano passado, o SNS pagou 142 milhões de euros nestas contratações. A este valor, segundo os dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), acrescem ainda 388 milhões de euros que foram pagos aos tarefeiros pelas 22 milhões de horas extraordinárias.