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Mais 300 mil utentes sem médico de família desde 2021

O número de portugueses sem médico de família continua a agravar-se. No final de abril, o número de utentes sem médico atribuído aumentou para 1.299.376. Já em período homólogo de 2021, o número situava-se nos 909,208. A situação agravou-se pela aposentação de muitos médicos sem a devida contratação de novos quadros, a dificuldade em atrair e manter jovens especialistas no serviço público, bem como o aumento do número de utentes inscritos nos centros de saúde.

Por um lado, as aposentações são um fator agravante da situação vivida no SNS. Durante este ano 1000 médicos atingem a idade da reforma, no próximo ano, em 2023, podem reformar-se 400 médicos e, no ano de 2024, o número chega perto de 300.

Por outro lado, por ano são formados entre 400 e 500 médicos de família, sendo que a taxa de retenção, ou seja, a percentagem de novos especialistas que exercem no SNS, fixa-se apenas entre 60% e 70%. Assim sendo, com base na taxa de retenção, apenas 300 a 350 dos formados estão disponíveis para colmatar as dificuldades crescentes nas unidades de saúde. A falta de adesão de novos médicos ao SNS prende-se com a fraca atratividade que o sistema oferece através de remunerações baixas que não reconhecem a competência e esforço dos médicos, cargas de trabalho exacerbadas com listas de utentes que excedem os limites impostos por lei, falta de uma boa gestão de recursos humanos, bem como a degradação das instalações, que tornam os equipamentos inadequados às necessidades dos médicos e dos doentes.

A falta de médicos de família é mais acentuada na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde cerca de 24% dos inscritos nos centros de saúde continuam sem médico de família, seguindo-se a região do Algarve, onde 17% dos utentes se encontram na mesma situação.