+351 21 151 71 00

Estudo indica dificuldades de acesso a medicamentos inovadores

De acordo com o Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar, em 54% dos hospitais do SNS são envolvidos entre quatro a cinco departamentos ou serviços diferentes antes de ser submetido um pedido de utilização de um fármaco antes de ter a autorização de introdução no mercado.

O estudo revela que mais de 60% dos inquiridos considera o processo para introdução de medicamentos inovadores como complexo, 52% apontam como problema a falta de recursos humanos, mas quase todos os hospitais entendem que o acesso a novas terapêuticas vai permitir melhores resultados clínicos e melhor qualidade de vida para os doentes. O estudo demonstra também que cerca de 70% dos hospitais não medem os resultados dos medicamentos inovadores.

O Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar é um estudo promovido pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e Ordem dos Farmacêuticos, cujos resultados foram apresentados na 11ª edição do Fórum do Medicamento.

O presidente da Apifarma, João Almeida Lopes, manifestou preocupação com as “barreiras criadas dentro” dos próprios hospitais antes de submetidos à Autoridade do Medicamento os pedidos de autorização para medicamentos inovadores. “Não faz sentido criar barreiras dentro das unidades de saúde. Leva a atrasos e a falta de equidade. Sou levado a pensar que essas barreiras são criadas por falta de financiamento”, afirmou no Fórum, que decorreu em Lisboa.

Os administradores hospitalares defendem a criação de tempos máximos de resposta garantidos para os processos de aprovação de medicamentos inovadores, para melhorar o acesso e evitar desigualdades. A definição destes tempos, na sugestão do representante dos administradores hospitalares, Alexandre Lourenço, devia ser um trabalho conjunto dos hospitais, da Ordem dos Médicos, da Ordem dos Farmacêuticos e liderado pela Autoridade do Medicamento — Infarmed.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, lamentou as dificuldades no acesso à inovação terapêutica e recordou que há consequências graves com tais barreiras. No caso da especialidade de Oncologia, o bastonário já teve anteriormente a iniciativa de reunir com vários colegas para discutir exatamente as crescentes dificuldades de acesso a tratamentos inovadores para doentes oncológicos.