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Em visita ao Hospital de Braga, bastonário alerta que aumento de vagas em Medicina vai baixar qualidade do ensino

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, deslocou-se ao Hospital de Braga, no dia 17 de junho, para uma visita de trabalho com o objetivo de perceber como está a decorrer a resposta aos doentes com COVID-19, mas também a fase de retoma de resposta aos doentes com outras patologias e que precisam de ver o seu acompanhamento também devidamente assegurado.

Acompanhado do presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, António Araújo, e pelo presidente do Conselho Sub-Regional de Braga, André Luís, o bastonário também ouviu os colegas sobre os problemas vindos a público relacionados com a urgência do hospital.

Miguel Guimarães sublinhou que aquelas urgências “muitas vezes são emergências” e é “fundamental” que exista capacidade de resposta. “A ARS Norte já devia ter tido uma posição sobre isto, já devia ter resolvido esta situação. O facto de a ARS Norte não dar uma resposta a estas situações, leva-nos sempre a a pensar que estamos aqui numa situação difícil e que a ARS acaba por não desempenhar aquilo que é o seu papel, que é conseguir encontrar consensos e sinergias para que uma região como o Minho possa ter acesso a todos os serviços de urgência que são necessários”.

À margem da visita e questionado pelos jornalistas presentes, Miguel Guimarães considerou que o aumento do número de vagas nas faculdades de Medicina, autorizado para o próximo ano letivo, vai conduzir à diminuição da qualidade da formação. “As nossas escolas médicas já ultrapassaram o limite de estudantes que podem formar”, referiu. Aos profissionais do Hospital de Braga destacou a “atividade notável” durante a pandemia. “As capacidades que nós temos em termos de ensino teórico e clínico levam a que seja muito difícil acomodar mais 15% de estudantes nas nossas escolas médicas e isso seguramente que irá levar a que exista diminuição da qualidade na formação dos médicos”, alertou.

O bastonário considera uma “falta de consideração enorme” que a decisão tenha sido tomada sem auscultação das escolas de medicina, das associações de estudantes e da Ordem. “Ainda por cima, numa altura em que médicos deram um exemplo brilhante daquilo que é a liderança clínica e a sua qualidade”. Como exemplo, apontou os profissionais do Hospital de Braga e a sua “atividade notável” durante a pandemia.

Desde o início da pandemia, o Hospital de Braga realizou mais de 16 mil testes a suspeitos de COVID-19, tendo identificado 893 casos positivos. No total, a unidade teve 249 doentes internados, 32 dos quais em cuidados intensivos.