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Comemorações do 10 de junho: Educar é um imperativo na saúde!

As comemorações do 10 de junho de 2021, para assinalar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, decorreram na Região Autónoma da Madeira. O primeiro discurso coube à presidente das comemorações do 10 de junho, a médica diretora do Serviço de Cirurgia do Hospital do Funchal, Carmo Caldeira, que foi uma escolha pessoal do Presidente da República como forma de homenagear os profissionais de saúde pelos muitos milhares de portugueses que o SNS cuidou e defendeu da COVID-19.

Carmo Caldeira – que foi recentemente homenageada no Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, recebendo das mãos do bastonário a medalha de mérito – sublinhou a sua honra pessoal por poder estar nesta cerimónia que assinala o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas a representar aqueles que o Presidente da República definiu como “tendo um heroísmo ilimitado a fazer de carências e improvisos excelência e salvaguarda de vida e saúde”: os médicos e restantes profissionais de saúde. A médica citou João Lobo Antunes porque as suas palavras expressam bem o que vai na alma de Carmo Caldeira: “Não sei o que nos espera mas sei o que me preocupa: é que a medicina, empolgada pela ciência, seduzida pela tecnologia e atordoada pela burocracia, apague a sua face humana e ignore a individualidade única de cada pessoa que sofre, pois embora se inventem cada vez mais modos de tratar, não se descobriu ainda a forma de aliviar o sofrimento sem empatia ou compaixão.”

“As pandemias sempre exigiram grandes esforços de gestão que não aconteceram sem conflitos, revoltas e desentendimentos. Ricardo Jorge, juntamente com Luís da Câmara Pestana, ilustre médico e cientista madeirense, responsáveis por identificar a peste bubónica no Porto em 1899, viu o seu trabalho notável ser recebido com grande ira pela população por tentar instalar na época um cordão sanitário. Alvo de fortes críticas e perseguições” Ricardo Jorge refugia-se em Lisboa “acabando por desempenhar um papel fulcral na gestão da gripe pneumónica em 1918”. O rescaldo desta pandemia trouxe grande expansão da pesquisa médica e “notável melhoria dos serviços de saúde”, recordou.

“Viver e trabalhar nesta tormenta representa suor, resistência, horas de sono adiadas e a esperança de que todos respeitem o enorme esforço despendido. Não poderá haver lugar a apatias e desânimos. Há que mobilizar todos os esforços. A gestão da pandemia implica o trabalho de todos” mas também a “responsabilização pelas consequências das decisões tomadas”, frisou, lembrando que temos que estar mais atentos pois a pandemia acentuou as desigualdades sociais, contexto em que é importante a preparação de “políticas estruturais para o futuro”. Mas também aumentou a consciência da importância do conhecimento e da inter-relação de todas as formas de vida do planeta. “Temos atuado como se estivéssemos sozinhos no planeta e esquecemo-nos de que partilhamos com outras criaturas, ambientes, potencialidades, e também vírus”, referiu, citando o cardeal Tolentino de Mendonça. Para esta – e futuras – pandemia, são precisas “abordagens inovadoras, consequentes e urgentes que integrem o animal humano no ecossistema do planeta”, alertou.

Com a certeza de que não poderemos ficar como antes, que teremos que reconstruir e educar, plantando sentido crítico, Carmo Caldeira foi perentória: “Educar é um imperativo na saúde!”

Concluiu deixando um  apelo em forma de desafio aos governantes: “é absolutamente urgente iniciar programas ousadas e eficazes que nos conduzam à sustentabilidade na saúde na segurança social, no planeta. É nossa obrigação não deixar estas questões suspensas para as gerações vindouras”.

O discurso do Presidente ta República também deixou uma mensagem de responsabilização, apelando a que os portugueses façam melhor para fazer a diferença no mundo. Para os profissionais de saúde e as Forças Armadas, pelo seu papel no combate à pandemia, Marcelo Rebelo de Sousa deixou um agradecimento que se traduziu na condecoração com a Ordem Militar de Cristo os Estados-Maiores dos 3 ramos das forças armadas portuguesas.