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Educação sem professores

Autor: Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos

Imagine que o futuro das escolas é pensado sem professores. Que se avança para um debate sobre as necessidades urbanísticas de uma cidade mantendo de fora arquitetos e engenheiros. Ou que se reformula a estratégia de combate a incêndios sem envolver os bombeiros e a proteção civil. Estamos perante verdadeiros oxímoros, que o senso comum consegue detetar e que nos indignam a todos. Ou quase… aparentemente para o Ministério da Saúde é normal criar um Grupo de Trabalho para a Dispensa de Proximidade de Medicamentos deixando de fora as duas profissões com mais conhecimento e proximidade com os doentes: médicos e farmacêuticos.

Esta situação é inaceitável, ofensiva e pouco transparente. Que interesses serve o pensamento sobre dispensa de medicamentos sem envolver a Ordem dos Médicos e a Ordem dos Farmacêuticos? Quem garante a segurança dos doentes? São mais as questões do que as respostas que o despacho suscita, ainda mais depois de longos meses de pandemia com um esforço hercúleo destes dois grupos profissionais para que nada faltasse aos nossos doentes, nomeadamente com uma operação conhecida como Luz-Verde e que permitiu precisamente trazer a medicação que era dispensada nos hospitais para as farmácias comunitárias.

Artigo publicado no Correio da Manhã no dia 9 de julho de 2020