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CENTRO HOSPITALAR VILA NOVA GAIA/ESPINHO – RECLASSIFICAÇÃO GRUPO E – SNS

Autor: Horácio Costa, Diretor de Serviço Cirurgia Plástica Reconstrutiva Craniomaxilofacial Mão e Unidade de Microcirurgia; Diretor do Departamento Formação Ensino e Investigação; Professor Catedrático da Universidade de Aveiro

 

CENTRO HOSPITALAR VILA NOVA GAIA /ESPINHO

RECLASSIFICAÇÃO GRUPO E – SNS

Os excelentes Sanatórios Portugueses tiveram início no tempo da Monarquia e são as raízes do CHVNGE. Nos tempos atuais da República, existe como baluarte do nosso SNS pela dimensão e diferenciação, com reconhecimento nacional e internacional na assistência, formação, ensino e investigação.

O SANATÓRIO MARÍTIMO DO NORTE foi construído durante o tempo da 1ª Guerra Mundial a meia dúzia de metros da praia de Francelos e inaugurado em agosto de 1917. Destinado à helioterapia em crianças com tuberculose óssea, a sua construção foi feita por benévola Associação fundada pelo Dr. Joaquim Ferreira Alves. O Sanatório prestava cuidados continuados nas duas amplas enfermarias, sendo as necessárias cirurgias efetuadas no apetrechado bloco cirúrgico.

Foi doado ao Estado Português a 14 de junho de 1975 tendo a escritura pública sido concretizada a 8 de março de 1978 na freguesia de Valadares. A sua designação oficial passou a ser Hospital Ortopédico Joaquim Ferreira Alves, tendo sido integrado em 1977 no CHVNG.

O SANATÓRIO D. MANUEL II foi idealizado há 112 anos no Palácio dos Carrancas, tendo a sua construção sido promovida pela Rainha D. Amélia, Mãe de D. Manuel II, a 11 de novembro de 1908 na sua benemérita missão de organização da luta contra a tuberculose em Portugal. D. Amélia nunca imaginou o longo calvário de 40 anos para a concretização da obra. Volta à estaca zero com o advento da República. Em janeiro 1931, uma isenta comissão presidida pelo Conde de Lumbrales e o Dr. Carteado Mena identifica terreno de dimensão adequada no Monte da Virgem. A 1ª pedra é lançada e aspergida com água benta  a 1 de maio de 1933 numa cerimónia presidida pelo Bispo do Porto. O Projeto de Construção tinha a capacidade para 250 camas, que se inicia a 1 de junho de 1936. Em 1938, a Rainha D. Amélia decide visitar “in loco” a construção e doa 500.000 escudos para sua finalização.Em janeiro 1946, as 250 camas são já insuficientes. A construção de mais dois pavilhões avança com 250 camas cada. Inicia funções em Março 1948 e atinge rápida credibilidade. A sua capacidade de internamento foi esgotada nos primeiros meses. A inauguração oficial ocorreu a 11 de junho de 1949, em cerimónia presidida pelo então Ministro do Interior, Eng. Cancela de Abreu, tendo o seu discurso ressaltado um agradecimento veemente à Rainha D.Amélia.O Centro Sanatorial D. Manuel II, assim designado em 1970 pela sua excelência, dispunha de todas as valências médicas e cirúrgicas. Era um Hospital com 700 camas, dividido em 4 pavilhões. Por Decreto-Lei 20/1977-16 março, foi integrado no CHVNG.

O Hospital da Misericórdia de Gaia, por sua vez, foi construído em 1966 .  A administração era da responsabilidade da Mesa da Misericórdia e o funcionamento dos Serviços Gerais e de Enfermagem da Ordem Religiosa. O Movimento da Democratização dos Hospitais, na revolução de Abril 1974 passa a gestão para o Estado, tendo o controlo sido retirado aos seus legítimos proprietários. Designado então por Hospital Distrital de Gaia, vive em finais dos anos 70 um realinhamento de relações intra e inter-institucionais. O Serviço de Urgência é estruturado. Funcionou como Hospital da Misericórdia até 28 de março de 1975, data da transferência de poderes com a assinatura de protocolo entre a  Comissão Instaladora nomeada pelo Ministério da Saúde e a Mesa da Misericórdia de Gaia. Em 1977 foi integrado no CHVNG.

O CENTRO HOSPITALAR VILA NOVA DE GAIA tem a sua génese nestas 3 Instituições que apenas tinham em comum o tratamento de doentes em regime de internamento e ambulatório. Face à existente medíocre funcionalidade da Política de Saúde e na procura da excelência da organização, a sua criação surge através do Decreto 20/1977. O funcionamento coordenado e integrado dos Hospitais de Gaia elevou a assistência médica e cirúrgica. A região sul do Rio Douro passou assim a ter um centro hospitalar organizado e de alto desempenho no SNS.

O Hospital da Misericórdia de Espinho foi fundado em 1 de setembro de 1941 na rua 8, tendo o atual edifício sido construído e inaugurado na Avenida 24 em 1 de julho de 1957 sob o nome de Hospital Nossa Senhora da Ajuda. Em 1975 foi também nacionalizado na rede SNS. Em 2007 foi integrado no CHVNG, onde funciona cuidados continuados e centro de cirurgia de ambulatório.

O CENTRO HOSPITALAR VILA NOVA GAIA/ESPINHO emerge como HOSPITAL CENTRAL integrando 4 Hospitais. Revela excelência e diferenciação nas áreas assistencial, formação, ensino e investigação com reconhecimento nacional e internacional.

Em 2012, a ACSS emite um Relatório sobre a definição de grupos de Hospitais para efeitos de Benchmarking. É um mecanismo de acompanhamento na comparação do desempenho e publicação de informação sobre as Instituições. Consequentemente, é uma ferramenta isenta na comparação das atividades desenvolvidas ao longo do ano entre os Hospitais do Grupo. Foram definidos 6 Grupos por ordem crescente A, B, C, D, E. Esta classificação implicou a inclusão do CHVNGE no Grupo D.

Contudo, estamos em 2020 e, desde esta altura, existiram imensas transformações, crescimentos e diferenciações relativas aos 700.000 utentes que dependem diretamente do CHVNGE. Em algumas Especialidades, nomeadamente Cirurgia Plástica e Reconstrutiva e Cardiotorácica, o número de doentes ascende a 1 milhão.A integração do Centro Reabilitação do Norte em 25 de novembro de 2018 implicou um acréscimo de lotação de mais 102 camas de Internamento. Acresce que na comparação com todos os Hospitais do Grupo D – Évora, Braga, CHTMAD e outros – o CHVNGE obtém resultados superiores à média, particularmente na produção com orçamento idêntico.

 

A RECLASSIFICAÇÃO DO CHVNG/E é mais do que evidente e meritória, comparativamente aos Centros Hospitalares do SNS.

Quando a análise incide sobre o nível da diferenciação da atividade realizada, o CHVNG/E tem uma superioridade significativa aos demais. Esta diferenciação é de tal maneira evidente que o Índice de Case Mix de 2018 é superior à média dos Hospitais do Grupo E, onde estão inseridos o CHSJoão, CHSMaria,  CHSJosé, CHEgas Moniz e CHUCoimbra. Relativamente à eficiência, as ferramentas de Benchmarking são reveladoras e factuais. A análise de desempenho do CHVNG/E nas 22 variáveis utilizadas no processo de Grupos Hospitalares, de 2012 a 2018,documenta uma melhoria muito significativa em todas as variáveis, sendo estas superiores à média dos Hospitais Grupo E. Acresce que o CHVNG/E tem aflições com as Universidades do Porto e Aveiro, Institutos Politécnicos e Escolas de Enfermagem colaborando e garantindo Ensino Pré e Pós-Graduado, Formação e Investigação.

A RECLASSIFICAÇÃO DO CHVNG/E no GRUPO E é, portanto, necessária à saúde da Região, sendo benéfica para a População. É merecida pelo desempenho e diferenciação da Instituição, sendo fundamentada pelo relatório comparativo da ACSS 2012-2018. O CHVNG/E tem índices dentro das 22 variáveis de avaliação acima da média dos Hospitais nível E, sendo o Case-Mix um claro exemplo. Esta reclassificação significa uma alavanca para a motivação de todos os profissionais da Instituição e, mais importante ainda, eleva e equilibra o SNS a nível regional e nacional.