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Bastonário insiste na necessidade de “libertar” os médicos de família

A Ordem dos Médicos, através do seu bastonário, insiste que é “urgente” libertar os médicos de família do acompanhamento de casos de COVID-19. Miguel Guimarães tem reforçado, ao longo desta semana, que devem ser contratadas equipas externas aos cuidados primários para acompanhamento telefónico de infetados sintomáticos em casa e que infetados assintomáticos deverão ter ao seu dispor uma linha para onde ligar em caso de agravamento ou aparecimento de sintomas.

“Mesmo que seja uma variante com menor severidade, com esta facilidade de contágio vamos ter um grande impacto no serviço de saúde e por isso temos de antecipar medidas para proteger a resposta a todos os doentes, que já foi muito afetada. Já tínhamos escrito à ministra da Saúde a dizer que era urgente libertar os médicos de família (ver carta à ministra aqui). Vale a pena telefonar todos os dias a pessoas que não têm sintomas? Fazemos isto com outras doenças?”, questionou em declarações ao Jornal I, sublinhando que está em causa adaptar uma norma que já vem de março de 2020 à situação atual.

Também em declarações à RTP 3, o bastonário reforçou a necessidade de se colocar um fim, de forma imediata, ao seguimento de assintomáticos ou doentes leves COVID pelos médicos de família.

Veja a intervenção de Miguel Guimarães aqui

“Caos” nos centros de saúde

A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) alertou para o facto da procura das Áreas Dedicadas a Doentes Respiratórios (ADR) estar a aumentar quase ao ritmo dos casos de COVID-19, gerando “caos absoluto” nos centros de saúde.

“O que se passa neste momento é que temos muitos casos a aparecer todos os dias, muitos deles com sintomas que exigem observação presencial e, portanto, aumenta muito a afluência aos ADR”, espaços destinados à avaliação clínica dos doentes com suspeita de infeção respiratória aguda, incluindo COVID-19, disse à agência Lusa o presidente da APMGF, Nuno Jacinto. “(…) Das duas uma: ou nós estamos nos centros de saúde a ver todos os outros doentes não-COVID, que continuam a precisar dos nossos cuidados, ou literalmente abandonamos estes doentes e vamos para os ADR”, salientou.

“Não dá para fazer omeletes sem ovos, nem nós conseguimos estar em dois sítios ao mesmo tempo”, alertou Nuno Jacinto, adiantando que os serviços estão a tentar responder a “um aumento enorme” do número de casos de COVID-19 com a mesma resposta que usavam quando tinham 600 ou 700 casos por dia.