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A sensibilidade dos médicos de família é uma força deve ser usada sabiamente

“Obrigado por todos os dias atenderem perto de 9 milhões de portugueses da vossa lista de utentes e mais de um milhão de portugueses sem médico atribuído a quem também prestam cuidados. (…) Obrigado pela qualidade da vossa formação (…) que é um exemplo. Obrigado pelo enorme contributo técnico e científico que dão, contributo que tem que ser salientado, sublinhado e reconhecido. Obrigado por todos os dias serem a cara da medicina portuguesa!” – Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, falava durante a sessão de encerramento do 40º Encontro Nacional da APMGF – Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. Neste momento de celebração, Carlos Cortes fez questão de agradecer aos médicos de família pela sua dedicação e empenho, por tudo o que fizeram, em contexto pandémico, para o sucesso do processo de vacinação. Apelando a um melhor planeamento e a um maior investimento para melhorar as condições de trabalho dos especialistas em MGF, Carlos Cortes instou o Ministério da Saúde a “ouvir os Médicos de Família, acarinhá-los e apoiá-los”. A intervenção do representante de todos os médicos, lembrou a conferência de Mia Couto, que antecedeu esta sessão, ao citar como “a sensibilidade é uma força que o Ministério deve saber usar sabiamente”. “A Medicina Geral e Familiar é um verdadeiro pilar do SNS. Se os responsáveis não acarinharem e apoiarem a MGF [essa incúria] fará ruir todo o sistema de saúde”, afirmou. Carlos Cortes encerrou a sua intervenção, lembrando palavras do presidente da APMGF, Nuno Jacinto, que afirmou “quem ama a medicina, ama a MGF”. “Pois bem: eu amo a Medicina Geral e Familiar”, concluiu Carlos Cortes, que, à margem do encontro lamentou profundamente a desvalorização do papel do médico de família por parte dos responsáveis políticos, seja por via da contratação de médicos sem a especialidade de MGF, seja pela omissão da centralidade dos CSP (médicos de família e médicos de saúde pública) no modelo de qualquer Unidade Local de Saúde (ULS) que estão atualmente a ser criadas. As ULS, considera o bastonário da OM, são, aliás, “uma abordagem que devia ter em conta o papel central destas especialidades nomeadamente para fazer face à realidade díspar das várias regiões e instituições do País”.

Nuno Jacinto considera este encontro “um sucesso estrondoso com salas cheias” em que se “aprofundaram conhecimentos e se reataram amizades”, um momento excelente para marcar a efeméride dos 40 anos da APMGF. Foram quatro dias de congresso e mais de mil participantes naquele que é um dos mais emblemáticos congressos de especialidades médicas, um congresso que este ano teve uma vertente muito especial ao criar condições para os/as médicos/as poderem trazer as suas crianças.